Boa comunicação: mais do que necessidade, elemento vital no “novo normal”

PALAVRA DO MERCADO COM SYLVIENE CANI GUAITOLINI

“A informação virou um negócio ainda mais indispensável para a sociedade”, sentencia a diretora de Criação da Aquatro Comunicação & Marketing, Sylviene Cani Guaitolini. Neste bate-papo para o caderno especial de Marcas Ícones, ela avalia o poder da comunicação nos tempos atuais e defende a pluralidade de canais e discursos para fortalecer tanto as marcas quanto as relações humanas, além de transparência, confiança, empatia e presença digital como atributos inegociáveis para as marcas garantirem ainda mais admiração do seu público.

Marcas Ícones comemora 10 anos. Gostaria que falasse um pouco sobre a premiação e sua importância para o mercado, as agências e marcas.

A importância do prêmio está na valorização de profissionais e empresas. É a confirmação do trabalho de excelência realizado por todos que atuam nos bastidores responsáveis pela construção das marcas. Serve também como um termômetro do desempenho no mercado, pois mostra a força que as marcas possuem e sua penetração nos mais diferentes públicos e segmentos. Ser reconhecidamente ícone é confirmar sua relevância para a sociedade.

Sylviene Cani Guaitolini

Essa década de celebração coincide com um momento muito desafiador, já que ainda estamos vivendo uma pandemia. Num momento como este, qual o papel de uma premiação como Marcas Ícones?

É a oportunidade de descobrir novos caminhos, identificar fraquezas, corrigir erros e apontar paras novas oportunidades de mercado. É o momento de rever ou confirmar sua estratégia e aprender com o quem está dando certo. As boas estratégias merecem ser compartilhadas.

E qual o papel da boa comunicação para vencer os desafios que foram impostos pela pandemia?

A revolução tecnológica veio afirmar que hoje, mais do que nunca, somos plurais. Tivemos que nos adaptar a um mundo que se transformou radicalmente em poucas semanas com a imposição do isolamento social e que criou um paradoxo: nunca estivemos tão próximos e tão distantes ao mesmo tempo. Estar conectado deixou de ser opção ou escolha e sim uma estratégia de sobrevivência. Nesse cenário a necessidade de fazer uma boa comunicação se tornou vital. Mais do que vender produtos e serviços, tivemos que ir além: convencer sobre a necessidade das mudanças radicais de atitude.

Começamos a perceber como é valioso se comunicar. A informação virou um negócio ainda mais indispensável para a sociedade. Os canais digitais se tornaram essenciais para fortalecer marcas e relações humanas. A força da comunicação veio da criatividade aliada à conectividade. Marcas que se posicionaram com transparência, confiança, empatia e com presença digital saíram na frente e ganharam ainda mais a admiração do seu público.

Que atributos caracterizam uma marca ícone?

A marca precisa se destacar frente à concorrência e ser referência no seu meio de atuação. Ser lembrado como ícone tem a ver com credibilidade, qualidade dos produtos e satisfação dos consumidores, afinal, o público só se lembra do que foi negativo ou positivo para ele. Cuidar para que o propósito da marca seja compreendido é também essencial para se posicionar como “primeiro” na mente do consumidor.

Lembrança se reflete em preferência e consumo? Ser a mais consumida é algo natural de uma marca memorável? Ou nem sempre é assim?

O objetivo final de qualquer estratégia de marketing é aumentar o grau de lealdade à marca. Mesmo que o consumidor não utilize uma marca exatamente naquele momento, se ela estiver viva na mente dele, seu nome será lembrado quando precisar.

Qual a importância das agências para a construção de marcas memoráveis?

O papel da agência sempre foi construir marcas. E desenvolver uma marca forte é uma tarefa muito desafiadora e de constante dedicação.  As agências estão cada vez mais envolvidas em todos os aspectos dessa construção, em um trabalho que, além de criativo, é extremamente técnico e estratégico.

Por terem um olhar mais amplo e apurado do mercado, as agências trazem referências atualizadas dos mais variados segmentos. São capazes de analisar seus clientes não só como empresas, mas como “brand”. Através de um discurso único e coerente, transformam a essência dessas marcas em histórias e conteúdo relevante para os consumidores. Afinal, grandes histórias constroem empresas. E histórias bem contadas constroem marcas.

E quais foram os desafios destes tempos também para as agências no trabalho com a comunicação dessas marcas?

O desafio se transformou em oportunidade para interações mais criativas, autênticas e personalizadas com os clientes. Mesmo longe fisicamente, nunca estivemos distantes, pois ampliamos nossa conectividade. A digitalização dos negócios e a intensificação do uso de canais digitais de interação com os consumidores já era uma tendência esperada e que, por conta da pandemia, teve que ser acelerada e implementada em tempo recorde. Fomos descobrindo quase a “fórceps” como se comunicar com esse novo padrão de consumidor.

O que mudou a partir da pandemia com relação ao consumidor e formas de consumir?

O consumo não deixou de existir, mas sofreu grande impacto, especialmente no que diz respeito a “como comprar” e “o que comprar “. Com a necessidade do isolamento social, a forma de vender mudou. As empresas tiveram que manter suas operações através do home office e as lojas físicas passaram a investir no e-commerce.

O consumidor se adaptou a essa nova realidade ainda com mais exigências de praticidade e conveniência de entrega sob demanda. Os serviços de omnichannel se tornaram uma clara vantagem competitiva especialmente no segmento varejo. Adequar os modelos de negócio a novas realidades, traduzindo o comportamento do consumidor é essencial em tempos de “novo normal”.