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Presas fazem curso com Alex Atala

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São Paulo – A paraguaia Deisy Carina, de 24 anos, arregala os olhos quando fala da família: há um ano e dois meses não tem notícia da mãe nem dos irmãos. O período corresponde ao tempo em que está na Penitenciária Feminina da Capital (PFC), na zona norte de São Paulo, para onde foi condenada a 16 anos de reclusão por tráfico de drogas.

Se não estivesse presa a mais de 1,2 mil quilômetros de casa, Deisy mostraria com orgulho as duas rosas de plástico e o certificado que ganhou por concluir um curso de gastronomia iniciado há duas semanas na unidade penal. Na cerimônia, recebeu também a foto da turma. Ao todo, 35 mulheres – entre elas, 21 estrangeiras e três funcionárias da PFC – posam lado a lado.

Transformação

O curso é empreendido pela Gastromotiva, organização fundada pelo chef David Hertz, com apoio do Instituto Atá, do renomado chef Alex Atala, em parceria com o governo do Estado e com o Tribunal de Justiça de São Paulo.

“Trabalho para pessoas favorecidas, mas o maior luxo que temos é poder transformar as pessoas para melhor”, disse Atala. “A ideia é fazer transformação social tendo a gastronomia como fio condutor”, reforçou Hertz.

Presente à cerimônia, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) mostrou-se animado. “Vamos manter um curso por mês, para formar 350 pessoas do setor por ano”, disse. O governador não ficou para a degustação do escondidinho de carne-seca com três raízes e bolo de aipim com laranja feitos pelas alunas.

De tudo que aprendeu, o que Deisy mais gosta de cozinhar é xinxim de galinha. “Antes, não sabia nem fritar um ovo”, confessa. Hoje, até trabalha na cozinha da penitenciária. “Olha, a televisão veio aqui, quem sabe minha família, lá do Paraguai, não vê que, agora, eu estou no caminho certo?” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.