
“Um prefeito que soube administrar uma cidade que ganhou territórios a partir dos aterros feitos na década de 70, com projetos de ocupação que se tornaram uma verdadeira revolução urbana e deram a cara do que é a Capital hoje”, elogia o ex-governador Arthur Carlos Gerhardt Santos, 93 anos, ao comentar sobre o ex-prefeito de Vitória, Chrisógono Teixeira da Cruz, que morreu aos 92 anos, nesta quinta-feira (01), de falência múltipla de órgãos. Segundo advogada da família, Cruz estava internado numa clínica em Vitória em estado vegetativo.
Gerhardt, que foi governador entre 1971 e 1975, indicou Cruz para ser o prefeito da capital capixaba no mesmo período. Na época, o Brasil estava sob uma ditadura militar (1964-1985) e não havia eleição para presidente da República e também para cargos no Executivo estadual, municipal e para o Senado. O voto direto era possível apenas deputados federais, estaduais e vereadores.
“Éramos muito amigos. Minha escolha por Chrisógono foi pautada por sua competência, pela energia em trabalhar, uma pessoa de fino trato com os demais e também com uma boa relação com os vereadores da Câmara Municipal de Vitória”, relembra Arthur Gerhardt.
Ele detalha que a sede atual da Prefeitura de Vitória foi construída na gestão de Cruz. “A prefeitura foi um dos exemplos de como ele soube ocupar as áreas que a cidade de Vitória ganhou depois que foram feitos aterros, a partir de projetos comandados pelo Estado”, aponta.
O ex-governador lembra que os grandes aterros foram feitos simultaneamente. Um uniu a Ilha do Príncipe ao continente, dando possibilidades para construção da Segunda Ponte e instalação da Rodoviária de Vitória, obras do Estado. Outro criou a Enseada do Suá, parte da Praia do Canto e a Curva da Jurema.
“Fica assim o legado de um homem que soube ocupar muito bem uma cidade que ganhou territórios”, sintetiza.
O velório do ex-prefeito acontecerá nesta sexta-feira (02), a partir das 13h, enquanto o sepultamento será realizado no Cemitério de Santo Antônio, às 16h, para que seja possível contar com a presença do filho da autoridade, também Chrisógono, que virá de Minas Gerais para se despedir do pai.
A Prefeitura de Vitória decretou luto oficial de três dias.
Chrisógono inaugurou a atual sede da Prefeitura de Vitória
A sede atual da Prefeitura de Vitória, na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, começou a ser construída em 1971, na gestão do prefeito Chrisógono. Antes, ela ficava no Centro, na praça Ubaldo Ramalhete.
Segundo site oficial da Prefeitura da capital, no Arquivo Público Municipal, um documento detalha as justificativas de Cruz para se construir uma nova sede. Ele alegou que a cidade havia crescido rapidamente nas últimas décadas, passando de 20 mil para 160 mil habitantes, e vários serviços oferecidos pela prefeitura estavam descentralizados por não caber na sede do Governo.
O prefeito obteve uma área de 10 mil metros quadrados de terreno em Bento Ferreira. Houve abertura de concurso público para escolha do melhor projeto e o vencedor foi o projeto “Arquitetura, Urbanismo, Planejamento e Construções”, do arquiteto Carlos Alberto Vivacqua Campos. Em outubro de 1973, foi inaugurada a nova sede que recebeu o nome de Palácio Anchieta.