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Quatro pessoas são presas em operação no camelódromo no centro do Rio

Quatro pessoas são presas em operação no camelódromo no centro do Rio Quatro pessoas são presas em operação no camelódromo no centro do Rio Quatro pessoas são presas em operação no camelódromo no centro do Rio Quatro pessoas são presas em operação no camelódromo no centro do Rio

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos Especiais (Draco/IE) prendeu na manhã desta terça-feira, 15, quatro pessoas acusadas de participar de uma organização criminosa que explora irregularmente boxes no camelódromo da Rua Uruguaiana, no centro do Rio, e de praticar extorsões. Também há indícios de que boxes foram comercializados por R$ 30 mil – a venda é proibida pela prefeitura. É investigada associação com milícia.

Um comerciante procurou a delegacia denunciando que foi cobrada dele uma taxa de R$ 5 mil para ter o boxe, além de uma outra, de R$ 120 por mês (R$ 30 por semana), a título de manutenção do espaço comum. O centro de comércio popular é localizado no coração da região central, área de enorme circulação de pessoas e de venda de produtos de baixo preço, como eletrônicos, roupas e acessórios para celular – parte dos itens, contrabandeada.

“Ainda não temos prova concreta de participação de milícia, seria prematuro afirmar. Esse é o primeiro passo. Não havia interesse da associação apenas de administrar, mas também de auferir lucro. E existe uma forma de coação, fechando boxes de quem não paga. É uma ação policial que nunca foi desenvolvida aqui”, afirmou o delegado Alexandre Herdy.

Os mandados foram expedidos pela 36ª Vara Criminal da Capital contra o presidente da associação de comerciantes, o vice-presidente, o chefe da segurança e outros dois integrantes. Todos foram presos, à exceção do chefe da segurança, Sidney Nascimento dos Santos, o Grande, que não foi encontrado. A equipe da Draco foi para as ruas às 6h e cumpriu os mandados na capital e arredores. Foram apreendidos documentos da associação.

O presidente da entidade, João Lopes do Nascimento, um dos comerciantes fundadores do camelódromo e há dois anos na função, negou qualquer irregularidade. “Cobramos taxa associativa de manutenção para luz, água, limpeza, mas só 30% deles pagam. É uma única cobrança. Ninguém foi ameaçado”, declarou à imprensa ao ser preso.

Comerciantes ouvidos pela reportagem disseram que a taxa semanal é justa, porque arca com custos de segurança (eles temem que boxes sejam roubados de madrugada) e limpeza. Eles contaram que luz e água são pagos à parte. Todos negaram a presença de milicianos no local.

A Draco investiga os crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, extorsão, venda de boxes por permissionários, além de venda e locação de espaços públicos.

Os boxes funcionam há mais de 20 anos num terreno entre a Avenida Presidente Vargas e a Rua Uruguaiana onde no passado havia um estacionamento. Os comerciantes são permissionários. À época da instalação do camelódromo, eles foram sorteados pela prefeitura, e ficou proibido o repasse de boxes.

O comerciante que denunciou o esquema à Draco disse que comprou nove boxes e que depois eles foram fechados pela associação. Os R$ 5 mil exigidos para que voltassem a funcionar foram cobrado para cada boxe, de modo que o montante somou R$ 45 mil. No dia 19 de abril, a prefeitura realizou uma ação no local e demoliu boxes construídos de forma irregular.