
Cerca de 2,6 mil estudantes capixabas da área da saúde já se inscreveram no programa do governo federal “O Brasil Conta Comigo”, que tem como objetivo reforçar o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) neste momento de pandemia do novo coronavírus. Desse total, 52 já foram convocados para trabalhar na rede pública do Espírito Santo.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), parte dos estudantes recrutados foi direcionada para o hospital estadual Silvio Avidos, em Colatina, hospital de referência no atendimento de pacientes graves de covid-19 na região noroeste do Estado.
“É um programa da Secretaria de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de Saúde, para que a gente possa fazer a alocação de estudantes dos cursos de medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia no enfrentamento ao covid. Os estudantes atuam de forma supervisionada. Eles atuam no primeiro atendimento”, destacou o diretor do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde, Fabiano Ribeiro.
Há também estudantes que vão atuar em hospitais da Grande Vitória, como é o caso da estudante do último ano de enfermagem, Juliana Nicácio Corrêa, moradora do bairro Rio Marinho, em Vila Velha. Ela foi convocada para trabalhar no Hospital Evangélico de Vila Velha durante a pandemia.
Antes de iniciar os trabalhos, ela passou por um treinamento e recebeu parte dos equipamentos de proteção. “Minha mãe, no início, não gostou muito da ideia, mas entendeu também que é necessidade para o país agora, neste momento, convocar todos os alunos do último ano também”, relatou.
Juliana vai atuar na oncologia do hospital filantrópico, que recebeu, ao todo, 38 estudantes selecionados pelo Ministério da Saúde. Entre eles também está o estudante de fisioterapia Walisson Luciano. “Estou atuando desde o dia 27 de abril aqui no Hospital Evangélico de Vila Velha e está sendo uma oportunidade muito boa para mim, como acadêmico. Nós ficamos ao lado de profissionais incríveis e estamos aprendendo muito”, ressaltou.
A gerente de Ensino, Pesquisa e Inovação do Hospital Evangélico de Vila Velha, Ana Carolina Simões Ramos, explica que os estudantes colaboram em diversas áreas de atendimento. “Eles atuam desde a pesquisa clínica até a área assistencial, a parte de treinamento, RH. Diferentes atuações, determinadas pela sua profissão”, explicou.
Estudantes do último ano do curso de medicina, Luciana Caetano Nogueira Dias e Bruna Binda Milaneze atuam no setor de pesquisas do hospital. As duas estão trabalhando para encontrar novas formas de tratamento contra a covid-19. Segundo elas, poder colaborar é motivo de orgulho.
“Neste momento de pandemia, está sendo uma grande oportunidade poder contribuir com a criação de novos possíveis protocolos de tratamento para essa doença, que assusta tanto o mundo. Essa é uma experiência única e que não tem preço”, afirmou Luciana.
“A experiência de viver esse momento de forma tão direta é enriquecedor e um pouco preocupante. E a possibilidade da descoberta de um novo tratamento ´e o que me incentiva a ficar longe da minha família neste momento”, frisou Bruna.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Celso Murad, os estudantes, ainda sem experiência, não devem lidar diretamente com pacientes infectados pelo novo coronavírus. O ideal, segundo Murad, é que eles atuem em outra frentes de trabalho. “Eles são extremamente importantes nas atividades de apoio, monitoramento, acompanhamento clínico, observação de sinais precoces de agravamento”, destacou.
Espera
Em todo o Brasil, 106.911 estudantes se inscreveram no programa do governo federal, mas, de acordo com o Ministério da Saúde, apenas 1.675 foram convocados até agora. Isso corresponde a menos de 10% do número total de cadastrados no programa.
Um desses estudantes que está na expectativa de ser chamado para atuar no combate ao novo coronavírus é o estudante do penúltimo ano de enfermagem Ivanildo Martins Sobrinho Júnior. “A gente está muito apreensivo, estamos muito ansiosos para poder ajudar, até porque agora é um momento de nos unirmos. É um momento muito delicado”, ressaltou.
Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV