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Rompimento de concessão da Linha Amarela traz insegurança, dizem especialistas

Rompimento de concessão da Linha Amarela traz insegurança, dizem especialistas Rompimento de concessão da Linha Amarela traz insegurança, dizem especialistas Rompimento de concessão da Linha Amarela traz insegurança, dizem especialistas Rompimento de concessão da Linha Amarela traz insegurança, dizem especialistas

A ação da Prefeitura do Rio, que destruiu cabines e cancelas da praça de pedágio da Linha Amarela na noite de domingo, após cancelar unilateralmente o contrato de concessão da via expressa, tende a aumentar a percepção de insegurança jurídica no setor de infraestrutura, dizem especialistas. Construída nos anos 1990, a Linha Amarela, que tem 17,4 quilômetros e liga a Ilha do Fundão, na zona norte, a Jacarepaguá, na zona oeste da capital fluminense, é administrada pela Lamsa, concessionária privada, desde a inauguração, em 1997.

Na visão do consultor Cláudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, o governo do Estado do Rio e o governo federal deveriam se posicionar de forma veemente para repudiar a decisão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), preferencialmente com ações no Judiciário. Sem um posicionamento do tipo por parte de outras esferas de governo, o consultor vê riscos de um clima de insegurança jurídica contaminar o setor de infraestrutura como um todo, num momento em que o País está tentando atrair investimentos privados.

“É a síntese do que há de mais errado no populismo. É o populismo tarifário elevado às últimas consequências”, afirmou Frischtak, lembrando que a ação da prefeitura foi acompanhada do anúncio de que o próprio poder municipal passaria a administrar a Linha Amarela, sem cobrança de pedágio. “Parece até ser desespero eleitoral”, completou o consultor.

Em comentário em sua conta no Twitter, a economista e advogada Elena Landau, que trabalhou nas privatizações do governo federal nos anos 1990, destacou que, se a prefeitura tinha motivos para questionar o contrato de concessão, deveria ter recorrido ao Judiciário. Em vez disso, Crivella optou pelo rompimento unilateral do contrato. “Quem vai querer investir num país assim?”, questionou Landau.

Para a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), a destruição da praça de pedágio pela prefeitura “não é concebível”, porque se trata de um governante que “instiga e autoriza a destruição de patrimônio público”. “Já não se trata somente de uma insegurança jurídica, que afasta investimentos e inviabiliza projetos fundamentais para a infraestrutura da cidade do Rio de Janeiro, do Estado e do País. Trata-se de um vandalismo de estado, com o descumprimento de preceitos mínimos de cidadania”, diz uma nota divulgada nesta segunda-feira pela ABCR.

Após a destruição da praça de pedágio da Linha Amarela por trabalhadores da prefeitura na noite de domingo, a Lamsa conseguiu na manhã desta segunda-feira uma liminar no Judiciário impedindo o cancelamento do contrato e mantendo a cobrança das tarifas. Ainda de manhã, a Prefeitura do Rio informou que iria recorrer da decisão judicial.

A Lamsa tem contrato de concessão até 2037 para operar a Linha Amarela. A concessão venceria em 2022, mas, em 2010, foi estendido por mais 15 anos, tendo como contrapartida um investimento de R$ 251 milhões por parte da concessionária, segundo informações do site da empresa.

A Lamsa é integralmente controlada pela Invepar, que detém as concessões do Aeroporto de Guarulhos, do Metrô do Rio e de oito rodovias. A empresa de concessões tem como acionistas os fundos de pensão Previ (do Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa), com 75% da companhia. Os demais 25% estão nas mãos do fundo Yosemite, do FI-FGTS e de investidores estrangeiros que ficaram com as ações da construtora OAS na empresa como pagamento de dívida.