Geral

TJ decide que SP deve usar dinheiro de multa em melhoria de trânsito

TJ decide que SP deve usar dinheiro de multa em melhoria de trânsito TJ decide que SP deve usar dinheiro de multa em melhoria de trânsito TJ decide que SP deve usar dinheiro de multa em melhoria de trânsito TJ decide que SP deve usar dinheiro de multa em melhoria de trânsito

São Paulo – O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatou um pedido do Ministério Publico Estadual (MPE) e proibiu a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de usar o dinheiro arrecadado com multas para pagar qualquer tipo de despesa que não esteja relacionada a melhorias de trânsito. A decisão também obriga o Estado a direcionar esses recursos a uma conta corrente exclusiva para esse fim. O governador de São Paulo afirmou que vai recorrer.

A ação civil pública é movida pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital e tem como base uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE). De acordo com o MPE, os valores arrecadados por órgãos estaduais de fiscalização de trânsito entraram diretamente na conta do Tesouro do Estado e eram destinados para fins que não estão previstos na legislação.

Para o MPE, o governo estadual estaria desrespeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O CTB prevê no artigo 320 a aplicação desses recursos exclusivamente para melhorias como sinalização, engenharia de tráfego, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.

Segundo as investigações, no entanto, o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran) investiu apenas 0,05% das receitas com multas de trânsito nessas finalidades. Sob alegação de que a prática é ilegal, a Promotoria entrou com a ação civil pública na Justiça no dia 13 de janeiro.

A juíza Paula Micheletto Cometti, da 8ª Vara de Fazenda Pública, decidiu nesta quarta-feira, 10, conceder a antecipação dos efeitos da tutela a favor do MPE e proibiu a Fazenda Pública do Estado de São Paulo e a Secretaria Estadual da Fazenda de movimentar recursos provenientes das multas.

Também foi estabelecido prazo de 30 dias para que o Estado faça o registro das receitas de multas de trânsito. “A constatação de eventual desvio de destinação porcentual necessitaria de produção de prova pericial de natureza técnica contábil, o que se mostra incabível na atual fase processual”, afirma a juíza em sua decisão.

Outro lado

O governador Geraldo Alckmin afirmou nesta quinta-feira, 11, que o Ministério Público está fazendo um “desserviço à administração pública” e que vai recorrer da decisão. “Toda vez que você engessa recurso, você prejudica a população”, afirmou em entrevista na cidade de Suzano, na Grande São Paulo. “Ao invés de colocar o recurso onde mais precisa, fica seguindo cartório.”

Alckmin também afirmou que a decisão da Justiça não muda a forma como o dinheiro arrecadado com multas de trânsito é investido em São Paulo. “O recurso das multas do Detran é aplicado em ações de sinalização, de engenharia de tráfego, de conservação de rodovia, de fiscalização. Ele já é utilizado para isso. Para nós, não tem nenhuma mudança”, disse.

“Agora, você quer saber minha opinião? Está errado o que o MP está fazendo. Se você conversar com qualquer economista no Brasil, ele vai dizer que um dos problemas do País é esse engessamento. É tudo engessado, tudo engessado. Então, é um problema atrás do outro.”

No ano passado, o MPE já havia entrado com uma ação civil pública contra o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), por suposto desvio de finalidade na utilização do fundo que cuida do dinheiro arrecadado com a aplicação de multas de trânsito na capital. Após recurso da Prefeitura, o presidente do TJ-SP, Paulo Dimas Mascaretti, resolveu suspender a liminar obtida pela Promotoria.