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Unifesp tem 11 'laboratórios de lata'

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São Paulo – Sete anos depois de ser criado, o câmpus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Diadema, na Grande São Paulo, ainda enfrenta graves problemas de infraestrutura. Por falta de obras e necessidade de espaço, a instituição comprou módulos de aço, destinados originalmente à moradia, para abrigar laboratórios, batizados de “laboratórios de lata” por servidores. Comprados em 2012, a maioria nem sequer funciona. Equipamentos de pesquisa estão encaixotados nos corredores.

Foram gastos R$ 1,05 milhão na compra dos 11 módulos de 43 metros quadrados. Segundo professores, eles não são adequados para a pesquisa. A compra ocorreu em 2012 e somente no fim do ano passado as ligações elétricas foram realizadas – apenas três estão em uso.

Os “laboratórios de lata” estão na unidade José de Filippi, no Jardim Eldorado, região carente da cidade. O local concentra as aulas práticas – outra unidade do câmpus funciona no centro e abriga a maior parte das aulas teóricas.

Os módulos ficam espalhados pelo pátio da unidade. “São inadequados para pesquisa, há receio de que os pisos não aguentem o peso dos equipamentos e alguém acabe se machucando”, disse um dos professores, que pediu anonimato.

Docentes reclamam que os espaços de pesquisa comportam até três vezes o número adequado de alunos. A Unifesp Diadema tem sete graduações nas áreas de química, farmácia, meio ambiente e biologia, além de cinco pós-graduações.

Equipamentos

Por causa da falta de espaço, equipamentos de pesquisa – financiados por agências de fomento – estão espalhados pelos corredores ainda nas caixas. Além disso, há banheiros interditados, com o aviso de “com risco à saúde”, forros de teto caindo e falta de espaços nos laboratórios internos. Alunos também denunciam que não há segurança no entorno da unidade.

Os serviços de manutenção e de alimentação estão interrompidos por falta de contrato. Segundo a reitoria, uma nova licitação para contratação dos serviços está sendo feita, mas a direção aguarda liberação orçamentária para assinar o contrato.

Para o presidente da Associação dos Docentes da Unifesp, Raul Boni Hernandes, as causas dos problemas são antigas. “Falta de planejamento é o resumo dessa história. Em sete anos, pouco aconteceu. Nos últimos anos teve dinheiro, mas não foi usado”, disse ele, que é professor do câmpus. “Claro que há prejuízos acadêmicos. Mas o esforço do corpo docente e o comprometimento dos estudantes têm sido determinantes.”

A unidade foi dirigida da inauguração até fevereiro de 2014 por Virginia Berlanga Campos Junqueira, que renunciou após forte pressão da comunidade acadêmica. Sindicância interna investiga a gestão, mas a Unifesp informou que ainda não há resultado. A reportagem não conseguiu falar com a docente.

Obra

A reitoria defende que a compra dos módulos foi aprovada na Congregação da unidade. Informou ainda que há a previsão de iniciar no segundo semestre deste ano a construção do prédio principal do câmpus, que será na unidade do centro.

As obras devem somar um total de 65 mil m² de área construída. “Diadema tem experimentado grande dificuldade de criar infraestrutura e completar seu projeto de expansão de atendimento”, informou em nota a universidade. A unidade seguiu um projeto de expansão ao longo dos anos e pulou de 900 vagas, em 2007, para 2,7 mil em 2014. Além da infraestrutura, o número de docentes e funcionários também ficou aquém. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.