Geral

Witzel acaba com incentivo para reduzir letalidade policial no Rio

Witzel acaba com incentivo para reduzir letalidade policial no Rio Witzel acaba com incentivo para reduzir letalidade policial no Rio Witzel acaba com incentivo para reduzir letalidade policial no Rio Witzel acaba com incentivo para reduzir letalidade policial no Rio

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, assinou decreto que acaba com incentivo à redução de mortes provocadas por policiais. O texto foi publicado nesta terça-feira, 24, no Diário Oficial do Rio, três dias após a morte de Ágatha Félix, garota de 8 anos atingida por um tiro de fuzil nas costas durante operação no Complexo do Alemão. A menina foi enterrada nesta segunda-feira, 23.

O decreto de Witzel altera o Sistema Integrado de Metas, criado em 2009, que prevê pagamento de bônus a policiais caso consigam reduzir uma série de indicadores de criminalidade do Estado. Entre as categorias para calcular as gratificações, está a letalidade violenta.

Na versão original, esse grupo era composto por indicadores de homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e auto de resistência (hoje, chamado de mortes decorrentes de intervenção de agentes do Estado). Com a alteração de agora, no entanto, o programa passa a desconsiderar as mortes em confrontos com a polícia.

Recorde

Sob a gestão de Witzel, a polícia do Rio tem batido recorde de letalidade. Em julho, 194 pessoas foram mortas em ações do Estado, o maior número desde o início da série histórica, em 1998.

Em 2019, até agosto, 1.249 pessoas foram mortas pela polícia nessa situação. No mesmo período de 2018, esse número foi de 723 – houve aumento de 72,7%, portanto.

Procurado pela reportagem, o governo do Estado não se pronunciou sobre a mudança nas regras de bonificações a policiais até a publicação desta matéria.

Na segunda-feira, Witzel concedeu entrevista coletiva na qual lamentou a morte da criança, mas culpou usuários de drogas e defendeu as operações realizadas por sua gestão. “É indecente usar caixão como palanque”, declarou o governador.