Governar sorrindo, enfraquecer calando

Governar exige decisões. Mas há uma diferença essencial entre conduzir uma nação rumo à liberdade e mantê-la sob rédeas curtas, disfarçadas de proteção. Alguns líderes compreendem que seu papel é criar as condições para que as pessoas prosperem. Outros, porém, optam por controlar: oferecem cuidado em excesso, falam com uma suposta gentileza, distribuem benesses — e, com isso, transformam cidadãos autônomos em dependentes silenciosos.

É a política do afeto que paralisa. O discurso doce, repetido com constância, vai criando um ambiente de conforto onde o indivíduo deixa de arriscar, de construir, de reagir. Quem antes era produtivo, criativo e resiliente, passa a esperar instruções. A liberdade se esvai — não pela força, mas pelo costume.

Esse processo não é imediato. A transição é sutil e progressiva. O cidadão deixa de se reconhecer como agente da própria história. Cede sua autonomia ao conforto da promessa e, nesse abandono da responsabilidade, suas capacidades começam a definhar. Já não busca soluções, apenas espera por elas. Já não constrói, apenas consome. O que se perde não é apenas a liberdade — é a dignidade.

É nesse ponto que a dependência compromete o valor mais essencial de uma sociedade: a consciência da própria força. O sujeito que outrora fazia, agora pede. Quem antes liderava, agora agradece. E aquele que podia muito já não sabe mais o quanto é capaz. Cidadãos sob governantes que não prezam pela liberdade nem sequer conhecem sua real potência. Tornam-se invisíveis até para si mesmos.

A Importância da Liberdade para o Progresso Humano

A história prova que os períodos de maior avanço humano surgiram quando as sociedades estiveram mais livres. A liberdade não é apenas um valor abstrato — ela tem consequências concretas. Onde há liberdade de pensar, há inovação. Onde há liberdade de agir, há trabalho e crescimento. Onde há liberdade de ser, há identidade e força.

Governantes que valorizam a liberdade não tratam o povo como incapaz. Sabem que o progresso não se constrói com dependência, mas com responsabilidade. Por isso, criam ambientes em que o indivíduo é desafiado a pensar, agir e assumir as rédeas da própria vida. Onde há esse tipo de liderança, há crescimento — porque cidadãos livres, conscientes do papel que têm na construção do futuro, fazem mais. E fazem muito melhor.

O Desafio de Libertar e Confiar na Sociedade

Governar sorrindo é fácil. Difícil, mesmo, é libertar. O verdadeiro desafio é abrir mão do controle e confiar na força da sociedade. É recusar o aplauso imediato de quem depende e preferir o silêncio produtivo de quem está ocupado construindo, decidindo e vencendo por si. 

Mas só os líderes que têm coragem de abrir mão do poder excessivo constroem povos verdadeiramente fortes. Dessa forma, a força de uma nação não está na quantidade de assistencialismo, nem na eloquência dos discursos. Está na capacidade e na responsabilidade de seus indivíduos — que só florescem sob uma condição: a liberdade.

Gabriela Moraes Oliveira

Colunista

Associada do Instituto Líderes do Amanhã

Associada do Instituto Líderes do Amanhã