Nos mais diversos bairros e comunidades do subúrbio da Grande Vitória, institutos e associações que promovem ações sociais são montados, ajudando milhares de pessoas que necessitam de um suporte especial.
Muitas dessas pessoas que frequentam estes espaços vivem em situação de vulnerabilidade social, enfrentando problemas financeiros e, principalmente, psicológicos, o que agrava ainda mais a situação de quem precisa de algum auxílio social.
O Centro de Vivência Shalom, localizado no bairro Central Carapina, na Serra, é um desses pontos que promovem acompanhamentos com psicóloga e psicoterapeuta aos assistidos.
A equipe é composta pela psicóloga Aline Teixeira e pela psicoterapeuta Graça Arruda. As duas profissionais carregam um papel muito importante na associação: escutar histórias e ajudar a quem precisa.
Ajuda na superação de traumas
A psicóloga Aline Teixeira destacou que o acompanhamento psicológico é fundamental na vida das crianças e adolescentes que frequentam a associação, principalmente por, em sua maioria, estarem em situação de vulnerabilidade.
O acompanhamento ajuda na superação de traumas, no fortalecimento da autoestima e na regulação emocional e comportamental. Além disso, promove habilidades de convivência e vínculos afetivos, facilita a permanência em ambientes sociais e possibilita a identificação precoce de dificuldades, permitindo intervenções adequadas em parceria com educadores e cuidadores, destacou Aline.
A psicóloga também listou as principais demandas emocionais das crianças atendidas, que são: baixa autoestima, insegurança, ansiedade, tristeza, agressividade, carência afetiva e dificuldade em lidar com limites.
Aline explica alguns dos motivos dos assistidos possuírem algumas dessas demandas.
“Essas questões são reflexo de contextos de rejeição, instabilidade familiar, violência e ausência de afeto. O acompanhamento psicológico busca acolher essas vivências, promovendo autoestima, equilíbrio emocional e habilidades de convivência, fundamentais para o desenvolvimento saudável”.
A psicóloga afirma que o acompanhamento psicológico é essencial para as crianças manterem a saúde mental em dia, evitando transtornos futuros.
Para ela, crianças emocionalmente saudáveis expressam melhor as emoções, criam vínculos seguros, têm mais motivação para aprender e constroem uma autoestima positiva.
Psicoterapeuta explica trabalho realizado
Além da psicóloga, o projeto também conta com a psicoterapeuta Graça Arruda, que realiza uma abordagem que utiliza, por exemplo, a leitura, desenhos e dinâmicas recreativas. Ela destacou que, em casos mais graves, são feitos atendimentos individuais, com foco em situações específicas.
A psicoterapeuta explicou que o trabalho dela envolve também as famílias das crianças assistidas.
“Além do atendimento às crianças, o trabalho psicológico também envolve suas famílias, pois muitos sintomas infantis refletem problemas do ambiente doméstico. Após identificar questões no comportamento da criança, os pais ou responsáveis são chamados para conversas mais íntimas, nas quais se investiga a rotina familiar e se oferecem orientações sobre cuidados, disciplina e limites adequados”, explica Graça.
Graça destacou a técnica utilizada para trabalhar com as crianças da associação.
A técnica utilizada é uma psicoterapia breve, com abordagem psicanalítica, adaptada ao contexto do atendimento infantil. Em vez da psicanálise clássica, que exige tempo e aprofundamento, trabalha-se de forma pontual, focando problemas imediatos.
Histórias reais de tratamentos bem-sucedidos
As profissionais contaram histórias de pessoas que frequentaram a terapia e tiveram uma melhora significativa em diversos pontos, que fazem parte da saúde mental.
Aline relata que as crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) atendidas por ela melhoraram o desempenho na escola e no comportamento em casa.
“Com a identificação precoce e o devido suporte, foi possível orientar os pais sobre a melhor forma de lidar com seus filhos, ajudando-os a estabelecer estratégias eficazes no dia a dia. Além disso, forneci orientações específicas para a escola, visando adaptações que favorecessem o aprendizado e a socialização dessas crianças, e auxiliei no encaminhamento para avaliação neurológica quando necessário”, destacou Aline.
Já a psicoterapeuta Graça Arruda contou a história de um aluno da associação com depressão sazonal, afetado pela separação recente dos pais. Segundo Graça, a mãe descarregava as angústias no filho, que se sentia culpado pela saída do pai.
“O acompanhamento psicológico ajudou o menino a compreender que a separação não era sua culpa, e também ofereceu apoio à mãe, que passou a lidar melhor com a situação”, contou Graça.
O resultado final foi melhora significativa no bem-estar emocional da criança e da mãe, especialmente na retomada da alegria e participação do aluno nas atividades.
Importância dos atendimentos
A presidente do Centro de Vivência Shalom, Andressa Sathler, destacou a importância do trabalho da psicóloga e da psicoterapeuta, promovendo o bem-estar dos assistidos, moradores do bairro Central Carapina.
“Para nós, do Centro de Vivência Shalom, é uma grande alegria e privilégio poder contar com uma psicóloga e uma psicoterapeuta na associação. Aline e Graça são fundamentais para o bom andamento do projeto, pois oferecem um suporte emocional, psicoterapia e aconselhamento para as crianças e adolescentes assistidos e para suas famílias. Sempre muito amorosas e com muita empatia, elas promovem a saúde mental e o bem-estar daquela comunidade”, disse Andressa.
Projeto é apoiado pelo Instituto Americo Buaiz
A instituição conta com o apoio do Instituto Americo Buaiz (IAB), que reforça a importância do cuidado com a saúde mental para crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, apoiando, desde 2017, diversas ações sociais em todo o Espírito Santo.
“O apoio psicológico, sem dúvidas, nem sempre é de fácil acesso e ser um espaço que oferece suporte a crianças e adolescentes, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade social, é algo que nós, do Instituto Americo Buaiz, defendemos ser fundamental para a melhoria da qualidade de vida desses jovens. O Centro de Vivência Shalom realiza esse trabalho com sensibilidade e responsabilidade, e acreditamos profundamente na diferença que ele faz na vida de cada um”, afirma Carolayne Oliveira, assessora social do IAB.
*Texto sob supervisão da editora Erika Santos