Chefe de saúde dos EUA não prova ligação entre Tylenol e autismo

De acordo com a agência Reuters, o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., declarou nesta semana que não existem evidências científicas suficientes para afirmar que o uso do medicamento Tylenol (à base de paracetamol) esteja diretamente relacionado ao desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A fala ocorreu após a repercussão de ações judiciais e estudos preliminares que apontam uma possível associação entre o uso do remédio durante a gravidez ou no período perinatal e o diagnóstico de autismo em crianças.

Segundo Kennedy, embora alguns levantamentos apresentem resultados “sugestivos”, ainda não há comprovação de causalidade. Ele defendeu que novas pesquisas sejam conduzidas antes de qualquer conclusão definitiva sobre os riscos do medicamento. O Tylenol é amplamente utilizado em todo o mundo para o alívio de dor e febre, inclusive na gravidez, sob orientação médica. A bula do produto, no entanto, não recomenda o uso por gestantes – não por evidências de risco específico, mas porque, como ocorre com a maioria dos medicamentos, mulheres grávidas não são incluídas em ensaios clínicos, o que limita os dados disponíveis sobre segurança nessa população.

A fabricante do medicamento, Kenvue Inc. (empresa resultante da cisão da Johnson & Johnson) afirmou que não existe vínculo causal comprovado entre o Tylenol e o autismo. Órgãos reguladores, como a Food and Drug Administration (FDA), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), reforçam que os dados atuais não sustentam uma relação direta entre o uso do paracetamol na gravidez e o TEA.

Repercussão e Denúncias

O tema ganhou nova repercussão após denúncias publicadas pela Reuters de que executivos da Kenvue teriam pressionado membros do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA para evitar declarações públicas associando o medicamento à gravidez. Um representante da Secretaria de Saúde norte-americana chegou a ser citado por manter vínculos de consultoria com a empresa, que, por sua vez, também teria participado de reuniões com integrantes do governo Donald Trump sobre um suposto “tratamento” de autismo, sem base científica.

Nos Estados Unidos, o estado do Texas moveu ação judicial contra a Kenvue com base em alegações de risco potencial (ainda não comprovado) de autismo ligado ao medicamento. A repercussão afetou o mercado financeiro, provocando queda nas ações da empresa. Apesar das especulações, autoridades de saúde reiteram que o Tylenol continua sendo considerado seguro quando usado conforme orientação médica.