
O neurocientista Alysson Muotri, professor da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), desenvolve pesquisas com minicérebros — estruturas cultivadas em laboratório a partir de células-tronco — para estudar doenças neurológicas como o autismo e os efeitos do vírus da zika no cérebro humano em desenvolvimento.
Em entrevista ao portal VivaBem, do UOL, publicada nesta segunda-feira (28), Muotri explicou que os minicérebros imitam o funcionamento do cérebro humano em seus estágios iniciais, permitindo a observação da formação de redes neuronais e de alterações genéticas associadas a condições neurológicas. Segundo ele, a técnica oferece uma alternativa viável ao uso de modelos animais, que muitas vezes não reproduzem com precisão as características do cérebro humano.
Pesquisas com Minicérebros e Autismo
A pesquisa tem contribuído para a identificação de anomalias em minicérebros derivados de pessoas com autismo, como a formação de sinapses e padrões incomuns de atividade elétrica. Esses achados têm sido utilizados para testar intervenções farmacológicas e técnicas de estimulação cerebral, com o objetivo de restaurar a função neural.
Muotri também destacou o potencial da abordagem para a medicina personalizada. De acordo com o cientista, os minicérebros permitem que medicamentos e terapias sejam avaliados em modelos específicos de pacientes, oferecendo caminhos para tratamentos mais eficazes e individualizados.
Aplicações na Medicina Personalizada e Vírus da Zika
As pesquisas conduzidas pelo laboratório de Muotri já contribuíram para avanços no entendimento da microcefalia causada pelo vírus da zika, demonstrando como o patógeno interfere na multiplicação de células neuronais durante a gestação.