
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) identificou níveis elevados de neuroinflamação em pessoas com síndrome de Down, o que pode estar associado ao desenvolvimento precoce da doença de Alzheimer. A pesquisa utilizou técnicas de medicina nuclear para observar, em tempo real, alterações no cérebro de jovens e adultos com a condição.
Os pesquisadores compararam exames de 29 pessoas com síndrome de Down e 35 sem a condição, com idades entre 20 e 50 anos. Por meio da tomografia por emissão de pósitrons (PET), foi possível identificar inflamação mais intensa em regiões cerebrais ligadas à memória e às emoções, como os lobos frontal, temporal, occipital e o sistema límbico.
Os resultados indicam que sinais inflamatórios surgem ainda na juventude, antes da formação das placas beta-amiloide características do Alzheimer. Segundo a equipe, a resposta inflamatória do cérebro segue um padrão bifásico: inicialmente protetora, ela pode se tornar prejudicial ao longo do tempo, agravando os danos neuronais.
Relação entre Neuroinflamação e Alzheimer
Em entrevista ao Portal Terra a pesquisadora Daniele de Paula Faria, do Laboratório de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas da USP, diz que os achados reforçam a hipótese de que a neuroinflamação antecede o acúmulo das placas associadas ao Alzheimer. O estudo pode contribuir para o desenvolvimento de terapias voltadas à redução desse processo inflamatório e ao atraso do surgimento da doença.