Criança recebendo vacina
Criança recebendo vacina - crédito: Freepik

Pesquisadores dinamarqueses reafirmaram que vacinas infantis de rotina não estão associadas ao autismo. O estudo, publicado nos Annals of Internal Medicine, analisou dados de mais de um milhão de crianças nascidas na Dinamarca entre 1997 e 2018. A pesquisa também investigou possíveis vínculos com outras condições de saúde, como asma e doenças autoimunes, sem encontrar evidências de risco aumentado.

A hipótese de que vacinas causariam autismo se popularizou em 1998, após a publicação de um artigo do médico britânico Andrew Wakefield, na revista The Lancet, sugerindo ligação entre a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e o transtorno do espectro autista. O artigo foi posteriormente retratado por conter dados falsificados e falhas metodológicas. Wakefield teve sua licença médica cassada. Apesar da ampla contestação científica, a teoria ainda persiste entre grupos antivacinação, que alegam, por exemplo, riscos relacionados ao alumínio presente como adjuvante nas vacinas. O novo estudo rejeita essa alegação.

Os autores do estudo destacam que os resultados podem ajudar a combater a desinformação em torno das vacinas, especialmente em um contexto de crescente hesitação vacinal. Autoridades de saúde associam a disseminação de informações falsas ao recuo nas taxas de imunização em vários países, favorecendo o ressurgimento de doenças evitáveis, como o sarampo e a coqueluche.

No Brasil, a cobertura vacinal infantil também apresentou queda expressiva entre 2015 e 2021. Segundo o Ministério da Saúde, a média de cobertura das principais vacinas caiu de cerca de 95% para patamares abaixo de 75% nesse período. A primeira dose da tríplice viral, por exemplo, passou de 93,1% em 2019 para 71,5% em 2021. Entre os fatores associados estão a desinformação, a pandemia de COVID-19 e a redução de campanhas públicas de imunização.

Reversão da queda na cobertura vacinal

A partir de 2022, no entanto, houve reversão dessa tendência. Dados do governo federal mostram que 13 das 16 vacinas do calendário infantil apresentaram aumento na cobertura entre 2022 e 2023. O número de crianças sem nenhuma dose — chamadas de “zero dose” — caiu de 687 mil em 2021 para 103 mil em 2023. Em 2024, seis vacinas ultrapassaram 90% de cobertura e outras sete superaram 80%. A primeira dose da tríplice viral subiu de 80,7% em 2022 para 96,3% em 2024, e a cobertura da vacina contra poliomielite passou de 67,7% para 100% no mesmo período.

Apesar do avanço, especialistas alertam que a meta de cobertura vacinal definida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi atingida em apenas três das 19 vacinas infantis monitoradas em 2024, segundo dados do Ministério da Saúde. A situação indica que, embora haja recuperação, ainda há desafios a superar na garantia da imunização ampla da população infantil.

A importância de estudos e o risco da politização

Para os pesquisadores dinamarqueses, estudos em larga escala como o atual são fundamentais para sustentar políticas públicas baseadas em evidências. Eles também alertam para os riscos da politização do debate sobre vacinas, que pode comprometer a confiança da população na imunização.

Leia o estudo completo (em inglês) aqui.

Feapaes-ES

A Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES) é uma associação civil beneficente que luta pela causa das pessoas com deficiência intelectual e/ou múltipla. Sem fins lucrativos e de fins não econômicos, a instituição possui 42 filiadas, entre Apaes, a Amaes e Vitória Down, que atendem a mais de 9 mil pessoas com deficiência. Entre em contato pelo [email protected]

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