Estudo relaciona evolução cerebral ao autismo

Um estudo publicado na revista Molecular Biology and Evolution aponta que a incidência de transtornos do espectro autista (TEA) em humanos pode estar associada a mudanças evolutivas no cérebro. A pesquisa identificou que determinados neurônios e genes evoluíram rapidamente na espécie humana, favorecendo tanto o desenvolvimento de habilidades cognitivas avançadas quanto a diversidade neurológica.

Nos Estados Unidos, cerca de uma em cada 31 crianças já recebeu diagnóstico de TEA. A Organização Mundial da Saúde estima que, em escala global, uma em cada 100 crianças apresenta o transtorno. No Brasil, dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 2,4 milhões de pessoas declararam diagnóstico de autismo por profissional de saúde, o equivalente a 1,2% da população com dois anos ou mais.

Evolução Cerebral e Autismo

Os pesquisadores identificaram que neurônios IT L2/3, abundantes na camada externa do cérebro humano, passaram por evolução acelerada. Essas alterações estão associadas a genes relacionados ao autismo. Ainda não há consenso sobre a vantagem adaptativa dessas mudanças, mas especialistas sugerem que elas podem ter contribuído para a formação de um cérebro mais complexo, com maior período de desenvolvimento pós-natal e capacidades cognitivas como a linguagem.

Segundo o autor principal do estudo, Alexander L. Starr, parte das mesmas mudanças genéticas que tornaram o cérebro humano distinto também ampliaram a diversidade neurológica, incluindo o autismo. A análise reforça a hipótese de que a evolução da espécie envolveu tanto ganhos cognitivos quanto maior suscetibilidade a condições específicas.