As autoridades de saúde dos Estados Unidos anunciaram a intenção de conceder um contrato ao Instituto Politécnico Rensselaer (RPI), em Troy, Nova Iorque, para investigar uma possível ligação entre vacinação e autismo, que até hoje não teve nenhuma comprovação científica. O contrato seria concedido sem processo competitivo, segundo aviso publicado esta semana, citado pela Associated Press (AP), com base na capacidade do instituto de integrar dados sobre crianças e suas mães.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) não forneceu informações sobre o valor do contrato ou detalhes das metodologias que serão utilizadas. O secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., defensor da tese antivacinas, havia anunciado em abril um “esforço massivo de testes e investigação” sobre as causas do autismo.
Especialistas em autismo alertam que não há evidências científicas de que vacinas causem a condição. Estudos realizados nos últimos 20 anos, envolvendo milhões de crianças em todo o mundo, não encontraram aumento de taxas de autismo entre indivíduos vacinados em comparação com os não vacinados. Pesquisas indicam que fatores genéticos e ambientais, como idade paterna, peso materno, diabetes gestacional e exposição a certos produtos químicos (dentre outras possibilidades), podem contribuir para o desenvolvimento do autismo, mas não há relação comprovada com vacinas.
Investigação e Questionamentos
O RPI já aplicou inteligência artificial e técnicas de aprendizado de máquina em pesquisas com amostras de sangue de crianças com autismo. A instituição declarou que, caso o projeto seja aprovado, pretende publicar os resultados ao final da investigação. No entanto, especialistas questionam a escolha do instituto, apontando que ele não possui histórico de acesso especial a dados de autismo e que o projeto se sobrepõe a pesquisas já existentes.
Funcionários do HHS têm tentado acessar dados de segurança de vacinas compilados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), mas contratos antigos com organizações de pesquisa médicas têm restringido o acesso direto ao governo. Cientistas que investigam o autismo há décadas afirmam que as vacinas não são um fator de risco, reforçando que a relação entre vacinação e autismo não se sustenta cientificamente.