O Núcleo de Artes Integradas da instituição social Cariacica Down promove a inclusão de pessoas com deficiência, através da arte e da expressão cultural. Além de contar com participantes PCDs, a iniciativa propaga a mensagem de diversidade e inclusão nas apresentações do grupo de teatro.
O grupo teatral se apresenta em escolas, empresas e em outras instituições sociais. As apresentações ocorrem ao longo de todo o ano, mas a procura é ainda maior durante o Setembro Verde, mês dedicado à visibilidade da pessoa com deficiência. Neste mês, o projeto ampliou as datas de apresentações e, mesmo assim, a agenda já se esgotou.
Uma das organizadora do grupo, a psicóloga Paloma Vieira, destaca que cada ambiente é impactado de forma diferente pelas apresentações.
Em escolas, a peça amplia o olhar de crianças e adolescentes, promovendo empatia e respeito desde cedo. Em empresas, desperta consciência sobre inclusão no ambiente de trabalho e derruba barreiras que ainda limitam oportunidades. Já em instituições, fortalece a importância das práticas inclusivas e sensibiliza profissionais e equipes sobre o valor do acolhimento e da diversidade.
Como surgiu o Teatro da Cariacica Down?
O teatro foi a primeira iniciativa da Cariacica Down, fundada por Paula Schaydegger. A instituição social surgiu para oferecer um espaço de apoio e inclusão para pessoas com síndrome de Down, inclusive a filha de Paula, Isabela.
A ideia começou com mãe e filha participavam juntas das primeiras apresentações em escolas, junto com a cofundadora da instituição, Cristina. Através da peça “Josefina, a menina esquisita”, criada por elas, as crianças eram provocadas a refletir sobre a inclusão e o combate ao bullying.
Cristina interpretava Josefina, uma boneca diferente, com roupas extravagantes, maquiagem exagerada e cabelo despenteado. Já Paula, fazia o papel da colega que praticava bullying. Voluntários também participavam como “bonecos-cabeções”.
O impacto era forte e levava os alunos à reflexão. No final, toda a escola era convidada a dançar uma música do Pororo, transformando a dor em alegria
Paula Schaydegger
Com o tempo, as próprias pessoas com deficiência assistidas pelo projeto começaram a participar com apresentações artísticas. Segundo Paula, cada um demonstrava sua individualidade, demonstrando que cada pessoa é única, com gostos e sonhos diferentes.
A peça era encerrada com Paula explicando que criou a Cariacica Down para que o futuro da filha seja construído em uma sociedade mais inclusiva, com oportunidades reais, igualdade de direitos e participação social plena. Nesse momento, a pequena Isabelinha, com apenas
três anos, entrava segurando um balão em forma de coração.
Grupo teatral transforma vidas
Atualmente com 26 participantes, o projeto vai além da arte teatral e o palco se transforma em um espaço de visibilidade e fortalecimento de vínculos para as pessoas com deficiência. A Cariacica Down destaca que cada cena é uma ferramenta de transformação social.
É o caso da Keyciane, de 34 anos, assistida pela Cariacica Down há dois anos. Ela ama dançar e atuar. No projeto, começou fazendo o papel da “Bruxinha”, já atuou em louvores e hoje está dançando com fitas. Desde o início, ela tem ficado mais atenta e desenvolta, observa a mãe, Cledismar.
A Keyciane ama estar neste projeto de teatro, cada dia que passa é um novo aprendizado. Sou grata a Deus e ao Cariacica Down por estar sempre dando o apoio que nossos filhos precisam. Em casa, eu também dou apoio e, com cada um ajudando, eles ficam mais desenvolvidos
Cledismar, mãe de Keyciane.
Outro participante é o Rafael, de 16 anos, que está no projeto há cinco anos. Antes de começar no grupo teatral, ele era muito tímido e falava pouco, mas desenvolveu a sua comunicação desde então.
Segundo a mãe dele, Maria, o filho tem muita disposição sempre que vai para a Cariacica Down, tem muita alegria e ama estar com a turma. Além disso, Rafael também é apaixonado por teatro e dança.
A timidez era o mesmo problema enfrentado pelo João Filipe, de 23 anos, antes de entrar para o Núcleo de Artes Integradas da instituição. Ele, que também gosta de dançar e cantar, tem amado participar do grupo de teatro.
Este projeto tem sido muito bom para ele perder a timidez. O teatro ajuda muito. Só tenho a agradecer ao Cariacica Down
diz Andreia, mãe do João Filipe.
Na Cariacica Down, além do projeto de teatro, em que João Filipe participa desde o início, o jovem também pratica futevôlei, que também contribui para o seu desenvolvimento. Ele é assistido pela instituição desde 2020.
Como todo artista, o reconhecimento pelas apresentações também serve como combustível para os participantes do projeto. O Edilberto Júnior, de 20 anos, por exemplo, é um dos que fica motivado com os aplausos do público ao final de cada peça.
Júnior está na Cariacica Down desde o início da instituição. Segundo a mãe dele, Maria Purcino, ele adora estar com os colegas da idade dele, é participativo, bem disciplinado e ama sair para participar dos eventos.
Ano passado eles foram em várias escolas e ele se apresentou dançado o Michel Jackson. Ele ama dançar funk e sabe todas as coreografias. Eu só recebo elogios dele
Maria Purcino