Música como terapia – entrevista (Parte 2) Música como terapia – entrevista (Parte 2) Música como terapia – entrevista (Parte 2) Música como terapia – entrevista (Parte 2)
A psicanalista Renata Gentil
A psicanalista Renata Gentil - crédito: Divulgação

Voz da Inclusão traz hoje a segunda parte da entrevista com a psicanalista Renata Gentil. Ela fala sobre com sua abordagem é recebida por pessoas com deficiência, e sobre a importância da arte como ferramenta terapêutica.

Você pode encontrá-la pelo Instagram (@psica.renatagentil) e no site oficial dela.

1 – Como é a resposta de pessoas com deficiência a sua abordagem?

Tem sido muito boa, justamente porque eu não parto de uma forma engessada de atendimento. Eu adapto a escuta e o processo terapêutico de acordo com a linguagem de cada pessoa. Por exemplo, já atendi pacientes autistas que se sentiam mais à vontade desenhando ou escrevendo enquanto falavam, e isso foi muito potente. Já tive paciente com deficiência auditiva que se conectava com as vibrações, com os clipes, com a expressão visual. Quando a gente escuta de verdade, sem impor um modelo, a arte vira uma ponte, e não uma barreira. O que eu faço é abrir essa ponte junto com o paciente.

2 – O uso de artes em geral, não só música, é comum em terapias? Isso pode ser reproduzido em contexto mais amplo (saúde pública, por exemplo)?

Totalmente. A arte, em qualquer forma, tem um poder terapêutico muito forte. No hip-hop, por exemplo, não é só o rap. Tem o grafite, a dança, a moda, a linguagem, tudo isso pode ser recurso terapêutico. Tenho pacientes que não conseguem sustentar o olhar durante a sessão, então a gente desenha juntos enquanto conversamos. Outros escrevem. Outros analisam clipes. A arte permite que o inconsciente se expresse de forma simbólica, e isso alivia, isso elabora. Agora, pensando em saúde pública: nem todo mundo que tá em vulnerabilidade emocional consegue falar da própria dor. Às vezes a pessoa tá tão esgotada, tão ferida, que só de estar ali já foi um esforço gigante. E se a gente cobra dela uma verbalização direta, pode ser demais. A arte entra aí como um respiro. Como um jeito de dizer o que ainda não dá pra falar. Em escolas, no SUS, em espaços de acolhimento, isso é essencial. Não é luxo, é cuidado real. É sobre criar acesso à escuta mesmo quando a fala ainda não vem.

Feapaes-ES

A Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES) é uma associação civil beneficente que luta pela causa das pessoas com deficiência intelectual e/ou múltipla. Sem fins lucrativos e de fins não econômicos, a instituição possui 42 filiadas, entre Apaes, a Amaes e Vitória Down, que atendem a mais de 9 mil pessoas com deficiência. Entre em contato pelo [email protected]

A Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES) é uma associação civil beneficente que luta pela causa das pessoas com deficiência intelectual e/ou múltipla. Sem fins lucrativos e de fins não econômicos, a instituição possui 42 filiadas, entre Apaes, a Amaes e Vitória Down, que atendem a mais de 9 mil pessoas com deficiência. Entre em contato pelo [email protected]