
Foi lançada a Pesquisa Nacional de Acessibilidade nos Cinemas, com o objetivo de identificar barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência nas salas de exibição no Brasil. O levantamento é promovido pela consultoria Acessara – Hub de Acessibilidade e conta com o apoio de empresas como Warner Bros. Pictures, Universal Pictures e Cinesystem.
Aberta à participação de pessoas com e sem deficiência, a pesquisa busca mapear obstáculos estruturais, comunicacionais e tecnológicos que dificultam o acesso à experiência cinematográfica. O formulário ficará disponível até 21 de setembro, e os resultados serão divulgados em 3 de dezembro, Dia Internacional da Acessibilidade. O lançamento foi marcado por uma sessão especial com exibição de filmes em Libras, audiodescrição e legendas descritivas, promovendo uma experiência acessível a todos os públicos.
O levantamento ocorre em um contexto de avanços normativos e desafios práticos. Desde 2016, a Agência Nacional do Cinema (ANCINE) determina que as salas comerciais ofereçam recursos de acessibilidade como audiodescrição, legendas e Libras. A regulamentação foi reforçada em 2022, com uma nova instrução normativa que responsabiliza exibidores e distribuidores pela universalização desses recursos. Além disso, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) prevê que todas as sessões sejam acessíveis, sem cobrança adicional aos usuários.
Desafios e Avanços na Acessibilidade Cinematográfica
Apesar das exigências legais, dados de 2019 indicavam que menos de 10% das salas do país contavam com algum recurso de acessibilidade. A pandemia contribuiu para o adiamento de prazos, e só a partir de 2023 a ANCINE passou a afirmar que todas as salas comerciais estão equipadas com tecnologias assistivas. Ainda assim, a distribuição desigual de cinemas pelo território nacional permanece um obstáculo.
No Espírito Santo, por exemplo, apenas 12 municípios possuem salas comerciais, segundo levantamento de 2023. Em algumas regiões do estado, é necessário percorrer até três horas para chegar a um cinema. Na Grande Vitória, iniciativas como a Sessão Azul, voltada para pessoas com autismo, têm oferecido sessões com ambiente adaptado — luzes mais suaves, som reduzido e liberdade de circulação. O estado também incluiu exigências de acessibilidade nos editais da Lei Paulo Gustavo para salas de cinema e espaços culturais.
A pesquisa nacional busca justamente produzir dados concretos sobre essas disparidades e apoiar melhorias efetivas no setor. “Acreditamos que a informação muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo. Nossa intenção com essa pesquisa é gerar dados que orientem mudanças reais, estruturais e tecnológicas no setor audiovisual brasileiro”, afirma Amanda Lyra, cofundadora da Acessara.