O sorriso pode parecer um detalhe para muitos, mas para as pessoas com deficiência atendidas pela Apae de Cariacica, ele representa dignidade, saúde, confiança e qualidade de vida.

O serviço de odontologia especializada da instituição tem promovido impactos que vão muito além da saúde bucal: é inclusão social na prática e respeito à cidadania de crianças e jovens com deficiência intelectual, múltipla e Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Foto: Arquivo Pessoal

Com ações preventivas e de orientação ao autocuidado, o atendimento odontológico da Apae se destaca como uma iniciativa de sucesso, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) e o ODS 10 (Redução das Desigualdades).

Cuidar da saúde bucal de uma pessoa com deficiência é também cuidar de sua autoestima, seu bem-estar e sua inclusão. Um sorriso saudável pode abrir portas que antes pareciam impossíveis.”

Erny Maria da Silva, presidente da Apae Cariacica

Trabalho preventivo contínuo

Foto: Arquivo Pessoal

Os profissionais envolvidos desenvolvem um trabalho preventivo contínuo, focado na promoção do autocuidado, com estratégias adaptadas para as necessidades de cada pessoa com deficiência. Entre os benefícios estão:

  • Prevenção de doenças bucais crônicas, como cáries e gengivite;
  • Melhoria da alimentação e da mastigação;
  • Diminuição da dor e do desconforto;
  • Promoção da autoestima e segurança emocional;
  • Aumento da interação social;
  • Desenvolvimento da autonomia e responsabilidade com a higiene diária;
  • Redução de idas a emergências hospitalares.

Além disso, a odontologia da Apae promove ações educativas com familiares e cuidadores, fortalecendo a rede de apoio dos usuários.

Atendimento especializado e humanizado

Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a dentista Marcelly Pedroni, a abordagem vai muito além do tratamento clínico:

“Nós não cuidamos apenas dos dentes. Levamos saúde, educação e proximidade. As crianças nos reconhecem, nos abraçam, porque confiam. Aqui, odontologia é amor em ação. É gratificante ver os resultados, mesmo em pessoas com condições socioeconômicas limitadas ou limitações físicas e intelectuais”, afirma.

Ela ainda explicou que a equipe realiza triagens detalhadas, classificando os usuários de acordo com a necessidade de acompanhamento, que pode variar de consultas semanais a semestrais. Isso permite que o atendimento seja contínuo e eficaz.

Um exemplo do impacto do trabalho é o caso de um adolescente que perdeu um dente em um acidente doméstico. Em outro serviço odontológico, ele provavelmente teria perdido o dente, mas na Apae foi possível reposicioná-lo e realizar o tratamento completo, devolvendo a autoestima e a confiança do jovem.

Depoimento da família

Dona Dilma, avó de Sâmela Lara, uma das atendidas, destacou a importância do serviço:

“Sâmela está aqui desde os 2 anos. O atendimento é maravilhoso, conseguimos acompanhamento completo, desde fonoaudiologia até terapia ocupacional. Aqui, ela se sente acolhida e cuidada. É uma experiência que transforma vidas”, disse.

A dentista Marcelly Pedroni complementa: “Graças ao trabalho contínuo da odontologia e da educação em saúde bucal, Sâmela tem dentes perfeitos, sem cárie. Esse cuidado se estende a diversas crianças e jovens da Apae, independentemente da idade, mostrando o impacto da prevenção e do acompanhamento especializado”.

Projeto conta com apoio do Instituto Americo Buaiz

A história da Apae de Cariacica começou nos anos 1980, quando duas mães lutavam por direitos para seus filhos com deficiência. E conta com o apoio do Instituto Americo Buaiz (IAB) para fortalecer projetos que atendem crianças e jovens com deficiência intelectual, múltipla e/ou autismo.

A parceria entre as duas instituições reforça o compromisso mútuo com a inclusão, o desenvolvimento e a promoção de iniciativas que garantam mais oportunidades e qualidade de vida para pessoas com deficiência no Espírito Santo.

*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos

Carlos Raul Rodrigues, estagiário do Folha Vitória
Raul Rodrigues *

Estagiário

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória