
Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avaliaram, em testes com camundongos, o uso do canabidiol (CBD) para sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os resultados foram publicados na revista Pharmacology Biochemistry and Behavior.
Os animais, expostos ao ácido valproico ainda na fase embrionária, apresentaram déficits cognitivos, dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos, características associadas ao autismo. Após o tratamento com CBD, foi observado aumento da sociabilidade, restabelecimento do processamento de informações e reversão dos prejuízos cognitivos.
Segundo o pós-doutorando João Francisco Cordeiro Pedrazzi, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), sob supervisão do professor José Alexandre Crippa, os achados reforçam o potencial do CBD como alternativa terapêutica, mas ainda em fase pré-clínica.
O pesquisador informou que a equipe concluiu um ensaio clínico comparando o uso de CBD e placebo em crianças com TEA, cujos resultados ainda serão divulgados. Atualmente, o tratamento do autismo inclui principalmente terapias comportamentais e uso de antipsicóticos e antidepressivos.
O Sistema Único de Saúde no Espírito Santo passou a distribuir gratuitamente medicamentos à base de canabidiol. Para os pesquisadores, a ampliação de estudos multicêntricos e o registro de fármacos específicos para TEA serão passos necessários.