
Em mais um capítulo da história do envenenamento de um médico de 90 anos na clínica onde ele atuava, na Praia do Canto, em Vitória, a Justiça decretou o bloqueio de R$ 600 mil dos bens da acusada do crime, a ex-secretária da clínica, Bruna Garcia Barbosa Marinho.
Bruna estava presa desde o dia 2 de setembro e, na mesma decisão, o juiz Carlos Henrique Rios do Amaral Filho acolheu o parecer do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e decidiu pela manutenção da prisão dela.
Já sobre o marido de Bruna, Alysson Oliveira Marinho, que chegou a ser preso junto com a esposa, o juiz acolheu o requerimento do MPES e determinou o arquivamento do Inquérito Policial e a revogação da prisão temporária, “por ausência de justa causa, considerando os fundamentos expostos e a ausência de indícios mínimos de participação delitiva”, justifica a decisão.

Alysson foi solto no mesmo dia da decisão, 22 de outubro. Bruna segue presa no Centro Prisional Feminino de Cariacica. No texto, o juiz defende, ainda, que há indícios suficientes de autoria e materialidade dos crimes imputados a ela.
O magistrado acolheu a denúncia do MPES contra Bruna por tentativa de homicídio qualificada por motivo torpe; por emprego de veneno; por meio insidioso e cruel; por recurso que dificultou a defesa da vítima; por assegurar a impunidade ou vantagem de outro crime e por ter sido cometido contra pessoa maior de 60 anos.
Defesa nega crime
O advogado de defesa do casal, James Gouvea Freias, disse acreditar que tudo se trata de uma armação contra a cliente dele.
“Em relação ao Alysson, eu acho que foi a decisão mais correta, mais justa. Mas estamos ainda insatisfeitos porque a Bruna não tentou envenenar ninguém. Nós acreditamos que isso é uma armação, no sentido de incriminar a Bruna. Acredito ela é inocente e a verdade vai aparecer”, defendeu o advogado.
Médico foi envenenado com arsênio por mais de um ano
O médico, que atuava na Praia do Canto, foi vítima de envenenamento com arsênio. O casal foi preso no dia 2 de setembro deste ano, apontado pela investigação como principal suspeito.
Bruna Marinho era funcionária da clínica da vítima havia 12 anos e exercia funções de confiança, incluindo a gestão financeira e o controle da alimentação do médico. Além do envenenamento, a investigação apura desvio de dinheiro da clínica.
Entre 2023 e 2025, a vítima apresentou sintomas semelhantes com intoxicação crônica por arsênio — diarreia, vômitos, anemia, inchaço nos membros e perda de peso —, mas sem associar os sinais a um possível envenenamento.
Esposa do médico descobriu desvio de dinheiro
Em março deste ano, a esposa do médico descobriu que a então secretária havia desviado aproximadamente R$ 600 mil da conta dele. Parte do valor teria sido direcionado para a suspeita, o marido e a mãe dela. Após as acusações, a secretária pediu demissão do emprego.
Meses depois, a esposa do médico encontrou frascos de arsênio no local onde a ex-secretária trabalhava. A polícia acredita que o produto era usado para envenenar a vítima.
Exames periciais realizados no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória confirmaram a presença de óxido de arsênio, sendo detectada maior concentração de intoxicação no período em que ela trabalhava na clínica.
Em entrevista à TV Vitória, o advogado da vítima, Waldyr Loureiro, informou que o envenenamento durou cerca de um ano e dois meses. Segundo ele, a tentativa de homicídio agravou o quadro de saúde do idoso, que já apresentava Parkinson: “Causou diversas sequelas, inclusive o avanço do Parkinson”.