
Uma juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2), em São Paulo, levantou suspeitas após se formar em Medicina em período integral. Ela passou os últimos seis anos estudando em uma faculdade privada, mesmo sem deixar as atividades na Justiça, e concluiu esta segunda graduação neste mês de novembro.
Recentemente, Adriana de Jesus Pita Colella foi promovida no TRT por antiguidade, ou seja, por ser a candidata com mais tempo de carreira inscrita para o cargo. Ela tomou posse no dia 6 de outubro como juíza titular da 2ª Vara do Trabalho de Santos, no litoral de São Paulo.
Ela fez o curso de Medicina na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), onde estudou segunda a sexta-feira, das 8h às 17h ou até as 18h. A suspeita é justamente porque há choque de horários com o expediente no TRT. Em São Paulo, a jornada de trabalho é de 11h30 às 18h.
Na fase final do curso na área de saúde, entre 2024 e 2025, Adriana passou pelo internato, onde foi aprovada com frequência igual ou superior a 90%.
Salário bruto é de quase R$ 77 mil por mês
Em 2025, a magistrada recebeu em média R$ 76,8 mil de remuneração bruta para despachar na Justiça do Trabalho. Com os descontos, os salários foram de R$ 56 mil. O valor excede o teto previsto na Constituição para o funcionalismo público.
A Corregdoria do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região abriu uma investigação sobre a atuação da magistrada, mas a corte inicialemente afirmou que “não existe qualquer impedimento legal para a realização de atividades discentes em curso universitário” por juízes.
Segundo o TRT, a produtividade e o trabalho da magistrada foram acompanhados durante todo o período em que ela cursou a faculdade de Medicina. O tribunal disse ainda que está apurando o caso, mas a investigação corre sob sigilo.
Procurada pelo Estadão, Adriana não quis se manifestar.
*Com informações dos Jornais Estadão, Correio e Poder 360.