Foto: Sejus
Foto: Sejus

As 37 unidades prisionais do Espírito Santo abrigam 9.781 detentos a mais do que a capacidade. Segundo dados da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), a capacidade total dos presídios do Estado é de 15.398 pessoas, mas a população carcerária capixaba hoje é de 25.179 pessoas.

A superlotação acende um alerta para o risco do aumento de casos de violência dentro dos presídios. Nos últimos meses foram noticiados casos de assassinatos e fugas dentro das penitenciárias do Estado.

No dia 31 de outubro, dois internos foram assassinados em unidades prisionais do Espírito Santo. O primeiro caso ocorreu no Centro de Detenção Provisória de Aracruz, enquanto o segundo crime foi registrado no presídio de Xuri, no município de Vila Velha.

No dia 22 de julho, uma briga entre internos da Penitenciária de Segurança Máxima 1 (PSMA1), no Complexo de Viana, também terminou em morte. Fugas também foram registradas nos últimos meses.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, conversou com a reportagem do Folha Vitória e afirmou que, apesar dos casos recentes, o número de casos de violência e fugas nas cadeias não cresceu.

Segundo Pacheco, no ano passado, até outubro, houve 11 fugas no sistema prisional capixaba, contra 6 no mesmo período deste ano. Em 2024, foram registradas 13 mortes violentas, contra 6 neste ano. Questionado sobre se os casos de violência e fugas estão relacionados à superlotação, o secretário garantiu que não.

Os dois eventos desse fim de semana não estão relacionados à superlotação. Eu posso garantir. Os crimes estão ligados a desavenças entre os presos.”

Rafael Pacheco, secretário de Estado da Justiça
Complexo Penitenciário de Xuri, em Vila Velha. Foto: Sejus/Divulgação

De acordo com as informações do secretário, o assassinato ocorrido no presídio de Xuri, em Vila Velha, teria sido uma atitude justiceira por parte dos presos que conviviam com a vítima. O homem teria inventado que havia estuprado a própria filha, o que causou revolta.

“Esse é um crime que causa muita revolta no ambiente prisional. Os presos que confessaram o crime disseram que o delito aconteceu em razão de ele ter dito que teria estuprado a filha, o que não é verdade”, relatou Pacheco.

No caso da morte no presídio de Aracruz, o secretário explicou que o assassinato foi motivado por um desentendimento entre os presos e que os dois casos nada têm a ver com a superlotação.

Secretário afirma que superlotação é problema nacional

O secretário de Justiça admitiu que a superlotação nos presídios capixabas é um problema, mas alegou que a questão afeta todo o País. “Obviamente, a questão da superlotação é um problema que não é capixaba, ele é brasileiro e que realmente nos incomoda bastante. A gente gasta muita energia buscando mitigar essa situação”, justificou.

Pacheco afirmou que o Estado toma medidas para diminuir a tensão causada pela superlotação.

“Primeiro, a gente cumpre a lei. A gente entrega a esses presos todos os direitos previstos em lei e tenta trabalhar com todas as medidas de ressocialização que distensionam o ambiente. A gente cria uma proximidade entre as famílias e os detentos, tenta ampliar as vagas de estudo, de trabalho, e isso tudo contribui para distensionar o ambiente”, afirmou.

Rafael Pacheco, secretário de Justiça
O secretário de Justiça Rafael Pacheco falou sobre a superlotação nos presídios. Foto: Reprodução/TV Vitória

Estado pretende criar mais de 5 mil novas vagas em presídios

Para minimizar o problema da superlotação no sistema prisional do Espírito Santo, o governo do Estado planeja criar 5,6 mil novas vagas em presídios.

A Sejus informou que trabalha na criação de 1,6 mil vagas em novas unidades de regime semiaberto em Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica. Os projetos estão em fase de licitação e ainda não têm data definida para entrega.

Outras 1,6 mil novas vagas físicas devem ser criadas por meio do Programa Moderniza-ES, que é financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O financiamento é no valor de mais de U$ 100 milhões, o equivalente a mais de R$ 555 milhões.

O cronograma do programa Moderniza-ES prevê o início das obras para o segundo semestre de 2026, com entrega prevista para 2028. O programa inclui, ainda, adequações em todo sistema prisional.

Outras 2.400 vagas estão em fase de estudo através de uma Parceria Público-Privada (PPP). O modelo, se implantado, será inédito no Espírito Santo. A parceria deve construir até três novas unidades prisionais no Estado. O investimento é estimado em até R$ 175 milhões.

Mesmo com a criação das novas vagas previstas, o déficit nos presídios capixabas ainda será de 4.181 vagas.

Patricia Maciel

Repórter

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.