Justiça

Samu é denunciado pelo Ministério Público por morte em acidente na BR-101

O motorista e um passageiro morreram no local, e uma idosa morreu na ambulância. A denúncia relata demora no transporte das vítimas

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Penha da Silva Pereira é uma das vítimas do acidente na BR-101 em Anchieta. Foto: Montagem Folha Vitória
Penha da Silva Pereira é uma das vítimas do acidente na BR-101 em Anchieta. Foto: Montagem Folha Vitória

A Central Estadual de Urgência e Emergência do Samu 192 foi denunciada pelo Ministério Público do Espírito Santo pela demora no atendimento às vítimas de um grave acidente na BR-101, que ocorreu na tarde de 27 de abril deste ano, em Anchieta, no Sul do estado.

O desastre aconteceu quando uma carreta, que transportava mamões, tombou enquanto realizava uma curva, colidindo com um ônibus de turismo.

O motorista do ônibus, Davi Lima, de 45 anos, e o passageiro, Jadson Zordan, de 25 anos, morreram ainda no local, já idosa Penha da Silva Pereira, de 90 anos, morreu na ambulância, a caminho do hospital. Foi a morte da aposentada que resultou na denúncia protocolada.

RELEMBRE O ACIDENTE:

Na época, equipes dos bombeiros, Samu, da Ecovias e de duas prefeituras foram ao socorro dos envolvidos na tragédia. No ônibus estavam 29 pessoas, incluindo o motorista, já na carreta apenas o motorista.

Demora no encaminhamento das vítimas para hospital

Um dos socorristas que participou da operação, e preferiu não se identificar, concedeu uma entrevista exclusiva à reportagem da TV Vitória, afirmando que o encaminhamento das vítimas ao hospital foi demorado. Segundo ele, a decisão de não liberar o transporte foi da Central de Regulação.

O homem ainda contou que a decisão foi questionada por outros profissionais presentes no local, mas a médica do Samu afirmou que estava seguindo o protocolo de atendimento e que ela deveria fazer a regulação antes do transporte.

Segundo ela, teria que regular todas as vítimas para depois ela decidir para qual hospital cada vítima iria. Aí houve um questionamento por parte do bombeiro de por que as vítimas vermelhas, que já estavam todas fora do ônibus, ainda estavam ali aguardando para ser deslocadas para os hospitais, sendo que elas deveriam ir primeiro?

Penha, que havia sido destacada como vítima vermelha, ainda estava aguardando atendimento e só foi movida para a ambulância quando um dos médicos da Ecovias 101 decidiu priorizar o seu transporte.

“O médico da Ecovias relatou para a médica do Samu a seguinte frase: eu não respondo à regulação do Samu”, completou.

De acordo com o socorrista, Penha morreu dentro da ambulância devido às complicações causadas por traumatismo de abdômen e pélvis, após uma pancada forte. O entrevistado ainda destacou que o socorro só aconteceu porque o médico da Ecovias contrariou a orientação do Samu.

CONFIRA A ENTREVISTA:

Liberação das vítimas levou 27 minutos

A denúncia protocolada no Ministério Publico foi elaborada com base em um relatório dos Bombeiros, no qual menciona a demora de 27 minutos para o atendimento da vítima.

O relatório descreve que Penha foi removida da área de classificação do Método Start, sistema de triagem usado para classificar rapidamente vítimas em situação de desastre, após sete minutos da retirada de todas as vítimas do ônibus pela equipe da Ecovias.

O documento ainda destaca que os profissionais não aguardaram o processo de classificação devido à urgência da situação.

A denúncia solicita uma investigação sobre a demora no atendimento do Samu e se o atraso no encaminhamento das vítimas ao hospital influenciou no quadro clínico. Além disso, caso a negligência seja comprovada, o documento pede a aplicação de medidas de responsabilização.

Samu afirma que o procedimento adotado foi correto

Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado, por meio do Samu 192, afirmou que a atuação no caso seguiu todos os protocolos técnicos estabelecidos para situações com múltiplas vítimas.

Confira a nota da Sesa na íntegra:

“A Secretaria da Saúde, por meio da coordenação do Samu 192, esclarece que a atuação no acidente de grande proporção ocorrido no município de Anchieta seguiu todos os protocolos técnicos estabelecidos para situações com múltiplas vítimas, conforme previsto na Portaria GMMS N° 2.048/2002 e demais normativas do ministério da Saúde.

É importante destacar que a estabilização da vítima no local é etapa fundamental e prevista nos protocolos estabelecidos, sempre que houver médico presente.

A Sesa reitera que a Central Estadual de Urgência e Emergência do Samu 192 atuou dento dos parâmetros técnicos estabelecidos nacionalmente, assegurando atendimento eficiente e organizado às vítimas. A equipe que se manteve alinhada às diretrizes do Sistema Único de Saúde.”

Já a Ecovias 101 informou que o médico responsável pelo socorro da aposentada também seguiu os protocolos padrões em casos de acidentes, priorizando as vítimas em situação de emergência.

O Ministério Público informou que a denúncia foi encaminhada às Promotorias de Justiça competentes e que segue em apuração.

*Com informações da TV Vitória/Record.