O resíduo têxtil é um grande problema ambiental; existem toneladas desses resíduos espalhadas pelo mundo. Em outra publicação, a engenheira Têxtil Catarina Carvalho comenta a situação em Portugal.
📌 Em Portugal, desde 2017, são geradas cerca de 200.000 toneladas de resíduos têxteis por ano, representando aproximadamente 4% do total de resíduos urbanos. Apesar da dimensão deste valor, a realidade é que a maioria das roupas acaba nos contentores de lixo comuns, sem ser reutilizada de qualquer forma.
Existem esforços importantes de recolha, como os da organização Humana, que, em 2024, conseguiu recuperar 3.835 toneladas de vestuário usado, um aumento de 23,5% face ao ano anterior e o melhor resultado de sempre. Mesmo assim, estes números representam apenas uma pequena fração do problema: em 2021, por exemplo, as 2.700 toneladas recolhidas correspondiam apenas a 1,4% do total de resíduos têxteis gerados no país.
Estes dados evidenciam a necessidade urgente de criar soluções estruturadas para a deposição responsável e a reciclagem têxtil, capazes de responder à real dimensão do problema.
📌 O problema?
➡️O vestuário não é lixo comum: contém fibras, produtos químicos e micro plásticos que prejudicam o ambiente.
➡️Quando incinerado, liberta emissões nocivas.
➡️Quando enviado para aterro, demora anos (ou mesmo séculos) a decompor-se.
📌 O que falta?
➡️Sistemas de recolha e reciclagem têxtil acessíveis e transparentes.
➡️Incentivos à reutilização e à economia circular.
➡️Maior consciencialização sobre doar, trocar ou vender em segunda mão antes de descartar.
Apesar de existir um quadro legal que facilita a deposição responsável de vestuário em Portugal, a sua aplicação prática ainda deixa muito a desejar. A partir de 1 de janeiro de 2025, o Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR) vai obrigar os municípios a assegurar uma rede de recolha seletiva de resíduos têxteis. Este sistema prevê a existência de pontos de reciclagem específicos ou contentores, bem como circuitos de recolha definidos, para que os resíduos têxteis sejam separados na origem e enviados para reutilização ou reciclagem.
📌 Obstáculos à aplicação uniforme da lei:
➡️ Financiamento insuficiente: muitos municípios queixam-se da falta de apoio para instalar contentores, adquirir veículos de recolha e formar equipas.
➡️ Cobertura desigual: Há municípios onde o sistema ainda não cobre todas as freguesias ou áreas mais remotas.
➡️ Capacidade operacional limitada: a triagem, transporte e tratamento de têxteis exige logística e infraestrutura especializadas, ainda indisponíveis.
➡️ Prazo apertado para implementação: embora a obrigatoriedade entre em vigor em 2025, preparar toda a estrutura legal, logística e operacional leva tempo, e nem todos os municípios estão totalmente preparados.
📌 Como descartar corretamente os resíduos têxteis em Portugal:
➡️ Contentores de reciclagem ou municipais de têxteis:
➡️ Associações e ONGs de recolha de vestuário:
➡️ Organizações como Humana, Cáritas ou a Cruz Vermelha possuem contentores próprios.
➡️ O vestuário recolhido pode ser vendido em segunda mão ou reciclado.
➡️Lojas com programas de devolução de roupa: