Fotografia em luto

Ativista em causas ambientais, Sebastião Salgado deixa legado

Fotógrafo fundou o Instituto Terra e reflorestou áreas degradadas, além de trabalhar na recuperação de nascentes

Sebastião Salgado, Insituto Terra
Sebastião Salgado fundou Instituto Terra. Foto: Reprodução/Instagram

O fotógrafo Sebastião Salgado, que morreu aos 81 anos, na manhã desta sexta-feira (23), em Paris, na França, era um importante ativista nas causas ambientais, trabalhando ativamente na recuperação da mata atlântica na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais.

Nascido em 8 de fevereiro de 1944, Salgado era casado com Lélia Wanick Salgado. Ele foi o fundador do Instituto Terra, uma organização não governamental para recuperar a Mata Atlântica e as nascentes da antiga Fazenda Bulcão, local onde passou a infância com a família, no município de Aimorés, em Minas Gerais.

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Desde então, o fotógrafo, engajado em causas ambientais, reflorestou a área com o plantio de milhões de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, além da recuperação de nascentes. Além disso, o instituto também realiza projetos de educação ambiental e pesquisas científicas.

Nas redes sociais do Instituto Terra, um “antes e depois” foi publicado, mostrando o resultado do trabalho de Sebastião Salgado na recuperação da vegetação nativa no município mineiro.

Ao longo da carreira, mundialmente reconhecida, Salgado fez contribuições em diversas organizações humanitárias.

Entre elas, estão o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional.

Desde abril de 2016, o Sebastião era membro da Academia de Belas-Artes de Paris pertencente ao Institut de France.

Salgado traz fotografias que retratam temas sociais e ambientais, dosadas nas tonalidades de preto e branco. Ele é reconhecido como um dos maiores fotógrafos do mundo.

Fotógrafo é doutor em Economia

Um fato curioso da vida de Sebastião Salgado é que, antes de se tornar uma pessoa conhecida pelas causas ambientais, ele cursou e se tornou mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (Usp), em 1968. Além disso, Salgado também é doutor pela Universidade de Paris.

O fotojornalista também já trabalhou na Organização Internacional do Café, em Londres, antes de sentir o desejo de fotografar a natureza. Foi no ano de 1974 que ele começou a realizar o ofício, devido as tantas viagens que fazia pelo mundo, trabalhando em diversas agências fotográficas.

Nos anos 80, Sebastião Salgado já publicava livros que faziam sucessos, registrando povos esquecidos, muita das vezes.

Um dos trabalhos mais lembrados é do registro feito na Serra Pelada, no Pará. Inclusive, uma das fotos deste trabalho foi considerada, pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade.

Já nos anos 1990, o fotógrafo fundou a Amazônia Images, registrando fotos, principalmente, da floresta amazônica. Sebastião circulou pela região por seis anos, flagrando a natureza, além da cultura dos povos da região.

Instituto confirmou morte do fundador

O Instituto Terra publicou, na manhã desta sexta-feira (23), uma nota de pesar, confirmando a morte do fundador e fotógrafo, Sebastião Salgado. A nota não informa a causa da morte.

“Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador.

Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.

Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa.

Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar.

Nosso eterno Tião, presente!
Hoje e sempre.”

*Texto sob supervisão da editora Elisa Rangel

Lucas Gaviorno, estagiário do Folha Vitória
Lucas Gaviorno *

Estagiário

Estagiário do Folha Vitória, graduando em Jornalismo, pela Faesa, e em Letras, pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)

Estagiário do Folha Vitória, graduando em Jornalismo, pela Faesa, e em Letras, pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)