Você já parou para ouvir o som das aves logo cedo? Talvez nem tenha notado, mas há um espetáculo acontecendo todos os dias, de graça, e com plateia garantida: a natureza. No Espírito Santo, a observação de aves vem conquistando cada vez mais apaixonados — e não é preciso ser biólogo ou fotógrafo profissional para participar desse movimento que une curiosidade, ciência e um tanto de terapia natural.
No episódio do PodNatureza, o economista aposentado Diógenes Ribeiro e a assistente editorial Meire Mohallem contaram como se tornaram observadores de aves e revelaram que, mais do que um hobby, essa prática é um convite para enxergar o mundo com outros olhos.
O que é, afinal, observar aves?
Observar aves é muito mais do que ver passarinhos bonitinhos pousando nos galhos. É um exercício de atenção e escuta. Envolve reconhecer vocalizações (cantos), cores, comportamentos e, claro, aquela emoção de encontrar uma espécie.
“Parece que liga uma chavinha”, contou Meire. “Depois que a gente começa a perceber as aves, quer saber o nome, o som, o comportamento. É um caminho sem volta.”
E não é preciso ir longe. Diógenes, por exemplo, catalogou 104 espécies diferentes só da varanda de casa, em Manguinhos, Serra. Isso mesmo: o safári pode começar sem sair do quintal.
Aves que encantam e lugares que inspiram
O Espírito Santo é um paraíso para observadores de aves. Do mar à montanha, o Estado abriga espécies raras e únicas, como a saíra-apunhalada, que só existe aqui, e a imponente harpia, uma das maiores aves de rapina do mundo.
🗺️ Locais para observar aves:
- Reserva Biológica Augusto Ruschi (Santa Teresa) – abriga mais de 250 espécies de aves.
- Reserva Águia Branca (Domingos Martins) – um verdadeiro palco de biodiversidade.
- Reserva Kaetés – o refúgio da saíra-apunhalada.
- Ufes e Parque Pedra da Cebola (Vitória) – ótimos para quem quer começar na cidade.
Esses espaços são muito mais do que destinos turísticos. São laboratórios vivos onde curiosos e pesquisadores se encontram para admirar e proteger a biodiversidade capixaba.
Benefícios que vão além do binóculo
A observação de aves não faz bem só para a natureza, mas também para quem pratica. Os convidados do PodNatureza destacaram que a atividade melhora a saúde mental, reduz a ansiedade e fortalece a sensação de pertencimento.
Entre as vantagens, estão:
- Contato direto com a natureza (sem precisar de grandes viagens);
- Relaxamento e foco: observar exige calma e presença;
- Inclusão: qualquer pessoa pode participar, independentemente da idade;
- Turismo sustentável: uma forma de movimentar a economia sem destruir o meio ambiente;
- Aprendizado constante: cada nova espécie é uma descoberta.
“É a melhor terapia que existe”, garante Diógenes, que começou por curiosidade e hoje vive um amor profundo pelas aves.
Como começar a observar aves
A boa notícia é que você não precisa de equipamentos caros. Basta um pouco de paciência, curiosidade e vontade de ouvir.
Passos simples para quem quer começar:
- Preste atenção nos sons – feche os olhos e ouça o que está ao seu redor.
- Use aplicativos gratuitos, como o Merlin, que identifica espécies pelo canto.
- Anote ou fotografe o que encontrar — vale o celular!
- Participe de grupos locais, como o Amo Aves e o Clube de Observadores de Aves do Espírito Santo (COA-ES), para aprender com quem já pratica.
- Respeite os bichos: nada de chegar muito perto.
A cada nova ave identificada, vem aquela sensação de conquista — tipo completar uma figurinha rara de um álbum da natureza.
Um convite para olhar o mundo com outros olhos
A observação de aves é um lembrete de que ainda há muita vida por aí, mesmo em meio ao concreto das cidades. É um convite para desacelerar e redescobrir o prazer de estar presente.
Como disse Meire, “há uma Meire antes e outra depois das aves”. E talvez esse seja o maior presente que a natureza oferece: transformar quem se permite olhar com atenção.
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