É chegado o momento em que aquela história “vamos cuidar do planeta para o futuro” vira “vamos cuidar do planeta para o presente”. Num futuro não muito distante, o planeta pode se tornar um lugar inabitável para os humanos e animais.
Em relação à América do Sul, se não forem tomadas medidas urgentes sobre o aquecimento global, as consequências serão devastadoras.
Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), até o final do século a projeção para o continente onde está localizado o Brasil é de perda da biodiversidade e degradação dos ecossistemas, menor disponibilidade de água doce, insegurança alimentar e mortalidade humana.
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No entanto, mesmo com tantas dúvidas e medo a respeito do futuro do planeta, existe uma galera que sabe muito bem no que é preciso investir: educação ambiental.
Principalmente, com o cuidado na preservação da água, um recurso valioso e indispensável para a vida.
Cadu, Sofia, Laura, Beatriz, Elis e Rafael têm as respostas na ponta da língua quando o assusto é poupar água.
“A gente precisa de água para o nosso corpo, sem água nós não somos ninguém”, disse Cadu. “É importante economizar água, porque precisamos de água para viver”, completou Laura.
Veja o vídeo:
Todos eles participaram de um programa que busca a conscientização ambiental desde cedo, chamado de Cesan na Escola, uma iniciativa da companhia de abastecimento de água do Espírito Santo. O foco é no uso racional da água e conhecimentos gerais acerca do saneamento básico.
Com isso, as crianças aprendem e compartilham com a família os conhecimentos, em busca da mudança.
O programa conta com atividades nas escolas em formato de brincadeiras e visitas às estações de tratamento. Estima-se que o projeto já atingiu mais de 18 mil crianças em todo o estado.
O superintendente de relações institucionais da Cesan, Philipe Lemos, explicou que o envolvimento das crianças no processo é importante porque elas se tornam vigilantes com os adultos que, muitas vezes, esquecem as atitudes diárias para economizar água.
“Os adultos entendem perfeitamente sobre as práticas de consumo, mas parece que isso vai se perdendo ao longo do tempo e a gente deixa de se importar. Mas as crianças, não. Elas são fiéis e se tornam vigilantes, colaboradores da preservação ambiental. É preciso ter a noção de que conscientizar tem que ser uma regra e deve ser cumprida”, explicou.
Ainda há o projeto Por Dentro da Cesan, em que a companhia recebe visita de estudantes tanto de faculdades, cursos técnicos e escolas. A ideia é mostrar todo o processo de tratamento de água até cair na torneira. Em 2024, foram 3,1 mil visitantes que passaram pelas estações de tratamento.
Água e árvore: união que dá certo
A Cesan tem outros programas de educação ambiental, como o Guardiões da Água, que consiste em plantar árvores nas nascentes das águas, com a proposta de trazer mais qualidade ao solo de onde vem a água para o consumo.
“Outro projeto importante é o Guardiões da Água que visa plantar árvores nas nascentes, que é de onde vem a água que consumimos. Chegamos a sete municípios e nossa intenção é dobrar a quantidade de municípios nesse programa”, concluiu o superintendente.
O projeto Plantando para o Planeta é uma das iniciativas da população que funciona como uma engrenagem com o poder público, por exemplo. A meta no Espírito Santo é de plantar 5 milhões de árvores até 2030.
Já foram registradas 27,8 mil árvores plantadas em solo capixaba pelo projeto. Em outros estados, o total é de pouco mais de 892 mil árvores plantadas registradas no site do projeto.
Um dos participantes do projeto, Antônio dos Santos, servidor aposentado, planta árvores desde 2015 por Vitória.
“Para melhorar o ambiente, a cidade, a temperatura. Já plantei ipês, palmeiras e muitas árvores frutíferas, mangueira, goiabeira… Eu me sinto bem, fazendo bem para a natureza, para todo mundo e para mim. É a maior alegria estar fazendo isso. O que estou fazendo pela natureza não tem preço”, contou.
Carlos Humberto de Oliveira é idealizador do projeto e explica a importância das atitudes locais para uma ajuda global. As pessoas precisam ter sensibilidade para agir e mudar as atitudes para proteger o meio ambiente.
“As pessoas ouvem sobre as mudanças climáticas e desmatamento lá na Amazônia, mas isso não comunica para as pessoas da base, elas ficam: como que isso me atinge? Consciência todo mundo tem, falta sensibilização, sentir que faz parte e precisa agir. Então, decidimos trazer o reflorestamento para as comunidades, os moradores de bairro, isso já causa o entendimento dos adultos e das crianças que nós somos parte de uma agenda global”, explicou.
Educação ambiental é para crianças e adultos
As crianças aprendem rápido, mas sem a referência dos adultos, todo o aprendizado pode se perder. É importante que os responsáveis das crianças também embarquem nas mudanças de hábitos.
O biólogo Daniel Gosser Motta, vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Espírito Santo (CRBio10), explica que, muitas vezes, na escola, o papel da educação ambiental fica restrito aos professores de biologia e até geografia, mas o assunto precisa perpassar todas as matérias.
“Educação ambiental perpassa todas as áreas de conhecimento, mas dentro da escola acaba sendo jogada nos professores de biologia e geografia, como se fossem os únicos responsáveis por isso, mas temos que entender que faz parte de todo o currículo escolar. Além disso, não somente jogar o aprendizado para as crianças, porque o papel dos responsáveis é muito importante, eles são as referências”, disse.
A população em conjunto com o poder público funciona como uma engrenagem e, para preservar o meio ambiente, precisam estar aliados.
“Não adianta coleta seletiva se a população não separa o lixo. Não adianta o governo limpar as nascentes dos rios, se o público desmata e descarta lixo. Principalmente, a questão do saneamento, porque não adianta deixar as nascentes limpas se os moradores realizam ligação de esgoto de forma clandestina”, concluiu.