Receber Ester Sabino, gerente de Educação Ambiental e Articulação Social da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), foi uma daquelas conversas que nos fazem respirar esperança. No estúdio do PodNatureza, falamos sobre pessoas, pertencimento e o poder da educação ambiental capixaba, que hoje inspira debates que vão muito além das fronteiras do Estado — e que chegarão à COP 30, em 2025.

A Ester tem uma trajetória que une design, mobilização social e sensibilidade humana. Vinda de Brasília, onde o Cerrado moldou sua forma de enxergar o mundo, ela encontrou na Mata Atlântica capixaba um novo chamado: unir inovação, diversidade e meio ambiente.

Mestre em design e especialista em articulação social, ela lidera hoje um trabalho essencial na Seama — fazer com que a conservação ambiental também seja sobre gente, sobre vida e sobre o direito de todos a um futuro sustentável.

“As pessoas são natureza”

Durante o episódio, conversamos sobre algo fundamental: as pessoas são natureza. E isso muda tudo. A educação ambiental, para Ester, não é um discurso técnico, mas um processo de sensibilização e reconexão. Não se trata de ensinar alguém a “proteger a floresta”, mas de fazer cada pessoa perceber que já faz parte dela. O meio ambiente não é um conceito distante, é o bairro, o rio, o solo, o ar e o corpo de cada um de nós.

Essa visão tem guiado o Espírito Santo em ações concretas. Sob a coordenação da Ester, o Estado realizou mais de 14 conferências de meio ambiente, que reuniram representantes da sociedade civil, lideranças comunitárias e gestores públicos para discutir temas que agora ganham destaque global. Dessas reuniões nasceram propostas que estarão na mesa da COP 30, a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, que será sediada no Brasil em 2025.

Esses debates incluem o fortalecimento da educação ambiental como política pública, o reconhecimento das comunidades tradicionais e a necessidade de inserir a sustentabilidade em todas as decisões — das cidades às escolas, das empresas ao campo. A educação ambiental capixaba mostra que o futuro das negociações climáticas depende da participação social e do envolvimento coletivo.

Comunidades indígenas e quilombolas

Ester também destacou a força das comunidades do Espírito Santo — indígenas, quilombolas, agricultores familiares, descendentes de imigrantes e moradores urbanos que vivem a conservação de maneiras diferentes, mas complementares. Cada grupo traz sua sabedoria ancestral e suas práticas sustentáveis, mostrando que a justiça climática e social andam de mãos dadas. “Essas pessoas já têm as respostas. O que precisamos é criar espaço para ouvi-las”, disse Ester.

No fim da conversa, ela lembrou uma frase da ministra Marina Silva: é preciso ser realista e esperançoso. Realista para compreender a urgência das crises ambientais, mas esperançoso porque ainda é possível mudar o rumo. “Dá pra fazer diferente, dá pra viver melhor, dá pra cuidar da natureza e das pessoas ao mesmo tempo”, ela disse.

Ao sair do estúdio, fiquei com uma certeza: quando falamos de meio ambiente, falamos de gente. A educação ambiental no Espírito Santo mostra que cuidar da natureza é, acima de tudo, cuidar da sociedade. E se as transformações globais que serão debatidas na COP 30 começarem por aqui, no coração capixaba, estaremos no caminho certo.

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Yhúri Cardoso Nóbrega

Colunista

Doutor em ecologia de ecossistemas, mestre em ciência animal e presidente do Instituto Marcos Daniel.

Doutor em ecologia de ecossistemas, mestre em ciência animal e presidente do Instituto Marcos Daniel.