
O Espírito Santo desperdiçou 117 milhões de metros cúbicos de água tratada em 2023, segundo dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil. O volume, que representa 38,7% de toda a água distribuída no Estado, equivale a 128 piscinas olímpicas por dia que nunca chegam às torneiras dos capixabas.
No cenário nacional, o desperdício supera 40%, totalizando 5,8 bilhões de metros cúbicos perdidos em todo o país. As causas vão desde vazamentos e rompimentos na rede até ligações clandestinas e falhas de gestão.
Especialistas se reúnem no ES para discutir soluções
Em meio aos números alarmantes, o Espírito Santo recebe esta semana especialistas de diversas regiões do Brasil em um simpósio que debate gestão hídrica e adaptação às mudanças climáticas. Reduzir perdas e melhorar a eficiência do sistema de abastecimento estão entre os principais temas em discussão.
Uma meta nacional prevê que, até 2034, o índice de perdas seja reduzido para 25%. No caso do Espírito Santo, a água economizada poderia garantir, por ano, o abastecimento de 636 mil moradores.

Estado registra avanços, mas desafios persistem
De acordo com o presidente da Cesan (Companhia Espírito-santense de Saneamento), Munir Abud, o Estado já reduziu cerca de 2% das perdas desde 2023.
Nos 53 municípios atendidos pela companhia, a queda anual varia de 3% a 4%, impulsionada por investimentos em tecnologia, incluindo equipamentos de robótica que aprimoram o monitoramento da rede.
Ele ressalta, no entanto, que os resultados mais expressivos só devem aparecer nos próximos levantamentos do Trata Brasil.
Tecnologia existe, mas falta investimento
Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Alexandre Kepler Soares, o uso de tecnologia é essencial para combater o desperdício, mas enfrenta obstáculos recorrentes.
Segundo ele, a principal barreira é a falta de investimentos e de mão de obra qualificada para implementar programas de modernização.
Muitas vezes existe recurso disponível, mas as companhias não conseguem executar por questões técnicas ou burocráticas. Esse é hoje um dos maiores gargalos do país”, destaca.
*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record.