Javalis e onças podem causar prejuízos e até mortes na zona rural. Os ataques desses animais a lavouras, gado e pessoas são uma preocupação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em cidades do Sul do Espírito Santo.
Os javalis, espécie invasora, quando estabelecidos em uma região, destroem plantações, podem atacar pessoas e transmitir doenças. O Ibama tem monitorado a presença da espécie em terras capixabas, buscando evitar que ela se estabeleça no Estado.
Já as onças, segundo o órgão, apesar de muitas vezes serem vistas como ameaças, exercem importante papel ecológico, controlando populações de animais como capivaras e os próprios javalis. Por isso, diferentemente dos javalis, as onças devem ser preservadas.
Segundo o Ibama, no Espírito Santo, a situação é bastante diferente de regiões como Pantanal e Amazônia. A onça-pintada está quase extinta, restrita ao complexo florestal Linhares – Sooretama, em número muito reduzido.
“A espécie mais comum é a onça-parda, presente em quase todos os ambientes rurais do Estado. Esses felinos oferecem risco muito baixo”, explica o superintendente do órgão no Estado, Rodrigo Vargas.
Apreensões de javalis
De acordo com o analista ambiental do Ibama Vinícius Seixas, o controle dos javalis é importante, pois se trata de uma espécie que oferece riscos e prejuízos concretos, principalmente relacionados à agricultura.
“Eles atacam plantações, lavouras de milho, feijão, arroz, soja, cana de açúcar, e podem também prejudicar pastagens. Também oferecem um risco sanitário à agropecuária, que é o risco de transmissão da peste suína. Existe um interesse grande por parte do Ministério da Agricultura no controle, porque isso pode até prejudicar as exportações brasileiras
Vinícius Seixas, analista ambiental do Ibama
Ainda de acordo com Seixas, a invasão do javali ainda não está estabelecida em solo capixaba, mas a espécie já é encontrada em vida livre na tríplice fronteira Espírito Santo – Rio de Janeiro – Minas Gerais, na região do Caparaó.
Do lado capixaba, os técnicos do Ibama já realizaram diversas apreensões de javalis criados em cativeiro – prática proibida. Também foram identificadas solturas irregulares de javalis e o cruzamento entre o javali e o porco doméstico, prática proibida que resulta na espécie conhecida como javaporco.
“Do lado de Minas e do lado do Rio, já existem vários relatos de reprodução de javalis em vida livre, então a espécie lá está estabelecida, na nossa fronteira. Mas aqui no Estado estamos tentando nos antecipar, trabalhando de forma preventiva”, afirma o analista.
Caça
Apesar de os javalis serem uma espécie invasora e de as onças causarem medo na população, Vinícius explica que a caça de ambos os animais é proibida no Espírito Santo. Em outros estados brasileiros, onde a invasão dos javalis já está estabelecida, é permitida a caça para controle dessa espécie.
Capacitação
Com o objetivo de preparar a população do Sul do Estado para lidar com possíveis ataques desses animais, o Ibama realiza até a próxima sexta-feira (5) uma oficina de capacitação nos municípios de Castelo e Iconha.
Interessados ainda podem participar do evento de Iconha, que será realizado entre quinta (4) e sexta-feira (5), no Cras da cidade. Não é necessário realizar inscrição.
A ideia é preparar gestores públicos, técnicos e lideranças comunitárias para compreender melhor o comportamento desses animais, identificar situações de risco e adotar medidas simples de segurança que garantam tanto a proteção das pessoas quanto a conservação da fauna silvestre.
O evento conta com parceria da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e das prefeituras municipais de Castelo e Iconha.
Serviço
Oficina de capacitação
Quinta-feira (4)
- 14h às 17h: reunião técnica no CRAS de Iconha (Av. Manoel Jacques Soares, 132-184 – Jardim Jandira, Iconha – ES)
Sexta-feira (5)
- Horário: 8h às 12h: visita técnica, com ponto de encontro no CRAS de Iconha.