
O pó preto, que preocupa e incomoda moradores da Grande Vitória, passará a ser monitorado em tempo real, com detecção em apenas dois segundos.
O avanço será possível com a instalação de oito estações eletrônicas de medição automática da poluição, fruto de acordos de cooperação técnica firmados pelo Governo do Espírito Santo com as empresas Vale e ArcelorMittal na terça-feira (28).
A iniciativa, coordenada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), inaugura uma nova etapa na gestão da qualidade do ar.
Os equipamentos vão identificar instantaneamente picos de poluição e enviar os dados para o sistema de monitoramento ambiental do Estado.
Tecnologia inédita identifica picos em segundos
Desenvolvidos pela empresa EcoSoft, os sensores eletrônicos fazem medições automáticas a cada dois segundos, e vai auxiliar o atual modelo manual, que depende de coletas mensais e análises laboratoriais.
Segundo o engenheiro Luiz Cláudio Santolin, responsável pelo projeto, o novo sistema permitirá que o órgão ambiental identifique imediatamente um aumento nas partículas em suspensão e acione medidas corretivas.
“Isso permite que o órgão ambiental identifique imediatamente um pico de poluição, veja a direção do vento e aja rápido para cobrar quem precisa ser cobrado”, explicou.
Conforme o diretor-presidente do Iema, Mário Louzada, quatro estações devem começar a operar até o fim de 2025, sendo:
- em Vitória: na Ilha do Boi (instalação foi realizada no último dia 17) e Jardim Camburi;
- em Vila Velha: Ibes;
- e em Cariacica: Vila Capixaba.
Outras quatro serão instaladas no primeiro trimestre de 2026, em Laranjeiras, Cidade Continental e Carapina, na Serra, e na Enseada do Suá, na Capital.
Ampliação de rede e transparência ambiental
O governador Renato Casagrande (PSB) afirmou que o novo sistema representa um salto tecnológico na gestão ambiental capixaba.
“As empresas assumiram compromissos junto ao Governo do Estado, que serão fiscalizados pelo Ministério Público. Hoje, temos uma rede estruturada de monitoramento da qualidade do ar, que foi uma grande conquista e nos garante que não daremos passos para trás. Temos uma legislação robusta e ferramentas modernas para avançar. Estamos debatendo esse tema desde 2019 e queremos deixar um legado importante para a população capixaba.”
Os acordos têm vigência de 17 meses e não envolvem transferência de recursos financeiros. O objetivo é fortalecer uma política pública de responsabilidade compartilhada, com dados mais confiáveis e fiscalização contínua.
O secretário de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, destacou que o Estado se fortalece com a medida: “Estamos fortalecendo uma política ambiental amparada em tecnologia e responsabilidade compartilhada. Esse é mais um passo para aprimorar o controle da qualidade do ar e assegurar transparência nas ações ambientais.”
Novos compromissos ambientais
O anúncio também marcou o encerramento dos Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) assinados em 2018 entre o Governo do Estado, os Ministérios Públicos Federal e Estadual, a Vale e a ArcelorMittal, que definiram metas para redução de emissões.
Segundo o Iema, todas as metas sob responsabilidade do órgão foram cumpridas integralmente.
Já a Vale cumpriu 28 das 48 metas pactuadas, e a ArcelorMittal, 85 das 131. As metas restantes serão incorporadas como condicionantes nas novas licenças ambientais, assegurando continuidade do acompanhamento.
O diretor de Pelotização e Briquetes da Vale, Rodrigo Ruggiero, destacou que a empresa reduziu 93% da poeira difusa desde 2010 na Unidade Tubarão.
Jorge Oliveira, presidente da ArcelorMittal Brasil, afirmou que o encerramento dos TCAs simboliza uma evolução, “impulsionada pelo diálogo técnico e respeitoso que acompanhou o processo.”
Maior cobertura de monitoramento do país
Com o novo sistema, o Espírito Santo passa a ter a maior cobertura proporcional de monitoramento da qualidade do ar do Brasil. Hoje, 98% das medições feitas na Região Metropolitana apontam níveis considerados bons.
O deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa (Ales), avaliou o avanço como resultado de um trabalho de anos, que entra agora em uma nova etapa.
“Agora o monitoramento será digital, transparente e imediato. Isso é um ganho enorme para a população e para o meio ambiente capixaba”, afirmou.
 
					 
			
		 
			
		 
						 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		