Neste dia 26 de julho é celebrado o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais. E se tem um lugar no Brasil onde essa data precisa ser levada a sério é o Espírito Santo, que abriga um dos maiores manguezais urbanos do mundo.

Nesta edição especial do PodNatureza, recebi Iberê Sassi e Wita Sassi, pai e filho, fundadores do Instituto Goiamum Espírito Santo, que é símbolo de resistência ambiental e transformação social.

Legado do Instituto Goiamum

Biólogo, indigenista e consultor ambiental, Iberê Sassi carrega uma história de vida entre a floresta, a educação ambiental e a fiscalização.

Apaixonado pela natureza desde a infância, dedicou-se ao Ibama e foi pioneiro na criação de políticas públicas que hoje fazem parte da cultura capixaba, como a regulamentação da época de andada do caranguejo.

“Não adianta só punir. É preciso educar, dialogar, fazer. O meio ambiente precisa de amor e política pública”, afirma.

Wita, seu filho, é o herdeiro de uma missão: conectar saberes tradicionais, desenvolvimento sustentável e inovação. À frente da nova fase do Instituto Goiamum Espírito Santo, lidera iniciativas como o Projeto Sururu, que transforma o descarte de cascas do molusco em corretivo agrícola, gerando renda para marisqueiras e promovendo economia circular.

“O mangue está aí para as pessoas, mas as pessoas ainda não estão para o mangue. Falta ligação, falta vivência, falta informação”, diz.

Sede em espaço histórico

Com sede em Balneário Carapebus, o Instituto também ocupa um espaço histórico e emblemático: o Casarão, uma construção da Segunda Guerra Mundial que será revitalizada como centro cultural com aulas, oficinas e exposições.

O local já abriga o EcoMural, feito com 30 mil tampinhas plásticas. A proposta do Instituto Goiamum Espírito Santo é transformar a sede em um polo de cultura, educação e sustentabilidade, unindo natureza e comunidade.

O manguezal urbano e a urgência da preservação

A conversa também trouxe um alerta: o manguezal da Grande Vitória precisa de atenção. Iberê explica que o mangue vale R$ 70 mil por hectare por ano em produtos ambientais.

Ele afirma que a falta de políticas públicas eficazes e de pertencimento coletivo não ajudam. “O brasileiro ainda não entendeu a preciosidade que é o mangue”, afirma o ambientalista.

Cultura, natureza e futuro

O Instituto Goiamum Espírito Santo também se destaca na preservação do patrimônio imaterial capixaba.

  • O Projeto Sururu, por exemplo, valoriza o trabalho das marisqueiras, gera renda, envolve jovens e conecta saberes ancestrais à inovação.
  • O casarão, com suas passagens secretas e história pouco conhecida, também ganha novo significado ao ser reocupado como espaço cultural.

Você tem cinco minutos para a natureza?

No encerramento, Iberê deixa um recado: “Para cuidar da natureza, é preciso diálogo. O meio ambiente somos nós”.

Já Wita propõe um desafio simples: “Gaste cinco minutos do seu dia para pensar no meio ambiente. E mais cinco para conhecer o trabalho do Instituto Goiamum. É um patrimônio vivo do Espírito Santo”.

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Yhúri Cardoso Nóbrega

Colunista

Doutor em ecologia de ecossistemas, mestre em ciência animal e presidente do Instituto Marcos Daniel.

Doutor em ecologia de ecossistemas, mestre em ciência animal e presidente do Instituto Marcos Daniel.