Meio Ambiente

Dando voz à natureza: Professor Aureo Banhos — Ensinando a salvar vidas para a conservação!

Professor Áureo Banhos inspira com sua atuação em campo, formando pesquisadores e protegendo espécies como a harpia. Veja imagens exclusivas dessa missão

Leitura: 9 Minutos

Na Mata Atlântica capixaba, entre os atropelamentos nas estradas e os ninhos no alto das árvores, um pesquisador se destaca por sua paixão incansável: formar pessoas e proteger espécies ameaçadas. 

Professor Áureo Banhos e o pesquisador Paulo Quadros utilizam drone para monitorar ninhos de harpia na Mata Atlântica
Professor Áureo Banhos e Paulo Quadros monitoram ninhos de harpia com drone | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Esta é a história do professor Aureo Banhos, um parceiro que admiro profundamente e que me inspira há mais de uma década.

Uma amizade pela conservação

Nem sempre os melhores amigos se conhecem sorrindo. Às vezes, tudo começa com um possível conflito. Foi assim que conheci o professor Aureo Banhos, servidor público e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), biólogo e Doutor em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva. 

Em 2013, estávamos os dois empenhados em um mesmo desafio: reduzir o número assustador de animais silvestres atropelados na região da Reserva Biológica de Sooretama.

Animal silvestre atropelado na BR 101, em trecho próximo à Reserva Biológica de Sooretama
Atropelamento de fauna na BR 101 em Sooretama | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Eu, do lado da comunicação e da sensibilização, queria instalar placas alertando motoristas. Ele, como pesquisador, também tinha um projeto semelhante, com base em estudos de ecologia de estradas. 

Ao invés de competirmos pelo espaço, fizemos uma ligação. Conversamos. E ali nasceu uma parceria — e uma amizade — que atravessa o tempo e fortalece causas.

Desde então, somamos forças. Conseguimos colocar as placas, demos visibilidade ao problema, levamos a pauta para mídias nacionais. Enquanto ele formava uma nova geração de pesquisadores na UFES, eu contribuía com registros de imagens impactantes e comunicação. E a nossa colaboração com aquela causa foi real. Ainda é!

Professor Áureo Banhos conduz atividade de campo sobre ecologia de estradas com alunos da UFES
Ação educativa sobre ecologia de estradas com alunos da UFES | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Nas copas das árvores

A vida nos reencontraria anos depois, agora sob as sombras de árvores gigantes. O professor Aureo é também o coordenador do Projeto Harpia Mata Atlântica, que atua em todo o bioma, em especial no Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. 

Ninho de harpia no topo de uma árvore de grande porte, em área de floresta em Linhares
Ninho de harpia registrado na floresta em Linhares | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

CONHEÇA O PROJETO HARPIA

Desde 2017, tenho a honra de ser parceiro nessa missão de estudar, proteger e contar a história da Harpia (Harpia harpyja), a águia mais poderosa do mundo.

Professor Áureo Banhos e pesquisador Brener Fabres monitoram ninho de harpia em área florestal
Monitoramento de harpia com Áureo Banhos e Brener Fabres | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Foram muitas idas a campo. Trilhas longas, calor, chuva, espera. Vi o Aureo enfrentar cada desafio com o entusiasmo de quem está ali por amor. Ele vai para o campo com o brilho nos olhos de quem acredita que ainda dá tempo. 

Já o vi desenvolver soluções impressionantes para  a causa da conservação, desde estratégias de novas tecnologias, trabalhando com engenheiros da UFES, até carregar equipamentos super pesados no difícil terreno da floresta. 

Tudo isso, dando uma atenção especial a formar novos pesquisadores para fortalecerem esse legado dedicado à natureza.

Equipe de pesquisadores reunida durante expedição do Projeto Harpia em área de floresta
Expedição do Projeto Harpia com pesquisadores de vários estados | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Acompanhei de perto quando ninhos foram mapeados, quando águias ganharam transmissores para que seus deslocamentos fossem compreendidos, tudo isso com base em ciência e muito, muito respeito pela natureza. 

Poucos sabem o que é carregar nas costas quilos de equipamentos por horas, monitorar árvores de dezenas de metros em meio a floresta densa ou passar dias em silêncio apenas para entender melhor o ciclo de uma espécie ameaçada. 

Isso sendo atacados por mosquitos e carrapatos, com calor, chuva, atoleiros, comendo e dormindo fora do conforto de casa e longe da família. Provações que só quem tem um propósito muito importante consegue suportar.

Multiplicando vozes

Mas talvez a contribuição mais importante do professor Aureo vá além da pesquisa. Ele é, acima de tudo, um formador. Um mestre. Um daqueles professores que não se contenta em acumular conhecimento — ele faz questão de compartilhar e cultivar novas lideranças. Pessoas com alto nível vocacionado à conservação da biodiversidade.

Professor Áureo Banhos mostra a alunos animais atropelados, utilizados em aula sobre ecologia de estradas
Áureo Banhos ministrando aula sobre atropelamento de fauna com animais recolhidos em rodovias | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Já testemunhei a persistência com que ele acompanha seus alunos, a atenção que dedica aos jovens pesquisadores e pesquisadoras. Muitos dos nomes que hoje lideram esforços de conservação no Espírito Santo (e até fora dele) passaram por sua orientação.

Eu mesmo aprendi muito com ele. E continuo aprendendo. Foi também o professor quem me incentivou a seguir um caminho que transformou profundamente minha atuação na conservação da natureza: ele me sugeriu que fizesse o mestrado profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável no IPÊ/ESCAS. 

Essa escolha ampliou minhas perspectivas, abriu portas e consolidou conhecimentos que hoje pautam os caminhos que venho trilhando. 

Esse título acadêmico foi um ponto de virada — e devo muito disso à visão generosa e orientadora do Áureo, sempre atento em formar e fortalecer quem está ao seu redor.

 Professor Áureo Banhos participa da elaboração de plano de ação para conservação da harpia
Áureo Banhos em plano de ação para conservação da harpia | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

Uma árvore que ensina e floresce todos os dias

Há pessoas que são como as árvores que as Harpias fazem seus ninhos. Criam raízes fortes e profundas, sustentam outros seres e permanecem firmes mesmo quando os ventos sopram forte. É assim que vejo o professor Aureo Banhos. 

Se hoje o Espírito Santo é referência em ecologia de estradas e conservação de harpias, muito disso se deve ao trabalho dele e de sua equipe. E se eu puder contribuir para que mais pessoas conheçam e valorizem esse trabalho, já fico feliz.

Ver o Aureo em campo, com sua mochila nas costas, suas ideias “fora da caixa” e seu coração entregue, é como assistir a uma aula de ética, ciência e amor pela natureza.

 Professor Áureo Banhos caminha em trilha com aluno rumo ao monitoramento de ninho de harpia
Professor e aluno em trilha para monitorar harpia | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios

A natureza precisa de defensores como ele. E o futuro precisa de mais professores assim. Que sua história inspire novas gerações a se apaixonarem pela ciência, pela floresta e pela vida.

Convite

Procure saber mais sobre o trabalho do professor Aureo e sua equipe.

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Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima aventura!

Leonardo Merçon

Fotógrafo de Natureza, Cinegrafista e Produtor Cultural

Fundador e diretor voluntário do Instituto Últimos Refúgios, OSC ambiental/cultural sem fins lucrativos, que atua desde 2011 na divulgação e sensibilização ambiental, estimulando o diálogo entre sociedade, organizações ambientais, instituições privadas e governamentais. Fotógrafo de natureza, documentarista desde 2004, Merçon é focado na proteção da natureza, com Mestrado em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento sustentável pela ESCAS/Instituto IPÊ. Também formado em Design Gráfico pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Estudou fotografia voltada para publicações na Academia de Mídias e Artes, na Alemanha. O colunista acredita e trabalha em atividades de sensibilização ambiental (em especial com crianças) e fomento do turismo relacionado à natureza. Leonardo Merçon também tem dezenas de livros impressos e documentários em vídeo publicados. Realiza trabalhos ajudando a contar histórias por meio de imagens em mídias nacionais e internacionais, como a BBC de Londres e National Geographic Brasil, dentre outras.

Fundador e diretor voluntário do Instituto Últimos Refúgios, OSC ambiental/cultural sem fins lucrativos, que atua desde 2011 na divulgação e sensibilização ambiental, estimulando o diálogo entre sociedade, organizações ambientais, instituições privadas e governamentais. Fotógrafo de natureza, documentarista desde 2004, Merçon é focado na proteção da natureza, com Mestrado em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento sustentável pela ESCAS/Instituto IPÊ. Também formado em Design Gráfico pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Estudou fotografia voltada para publicações na Academia de Mídias e Artes, na Alemanha. O colunista acredita e trabalha em atividades de sensibilização ambiental (em especial com crianças) e fomento do turismo relacionado à natureza. Leonardo Merçon também tem dezenas de livros impressos e documentários em vídeo publicados. Realiza trabalhos ajudando a contar histórias por meio de imagens em mídias nacionais e internacionais, como a BBC de Londres e National Geographic Brasil, dentre outras.