Na Mata Atlântica capixaba, entre os atropelamentos nas estradas e os ninhos no alto das árvores, um pesquisador se destaca por sua paixão incansável: formar pessoas e proteger espécies ameaçadas.

Esta é a história do professor Aureo Banhos, um parceiro que admiro profundamente e que me inspira há mais de uma década.
Uma amizade pela conservação
Nem sempre os melhores amigos se conhecem sorrindo. Às vezes, tudo começa com um possível conflito. Foi assim que conheci o professor Aureo Banhos, servidor público e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), biólogo e Doutor em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.
Em 2013, estávamos os dois empenhados em um mesmo desafio: reduzir o número assustador de animais silvestres atropelados na região da Reserva Biológica de Sooretama.
Eu, do lado da comunicação e da sensibilização, queria instalar placas alertando motoristas. Ele, como pesquisador, também tinha um projeto semelhante, com base em estudos de ecologia de estradas.
Ao invés de competirmos pelo espaço, fizemos uma ligação. Conversamos. E ali nasceu uma parceria — e uma amizade — que atravessa o tempo e fortalece causas.
Desde então, somamos forças. Conseguimos colocar as placas, demos visibilidade ao problema, levamos a pauta para mídias nacionais. Enquanto ele formava uma nova geração de pesquisadores na UFES, eu contribuía com registros de imagens impactantes e comunicação. E a nossa colaboração com aquela causa foi real. Ainda é!
Nas copas das árvores
A vida nos reencontraria anos depois, agora sob as sombras de árvores gigantes. O professor Aureo é também o coordenador do Projeto Harpia Mata Atlântica, que atua em todo o bioma, em especial no Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais.
Desde 2017, tenho a honra de ser parceiro nessa missão de estudar, proteger e contar a história da Harpia (Harpia harpyja), a águia mais poderosa do mundo.
Foram muitas idas a campo. Trilhas longas, calor, chuva, espera. Vi o Aureo enfrentar cada desafio com o entusiasmo de quem está ali por amor. Ele vai para o campo com o brilho nos olhos de quem acredita que ainda dá tempo.
Já o vi desenvolver soluções impressionantes para a causa da conservação, desde estratégias de novas tecnologias, trabalhando com engenheiros da UFES, até carregar equipamentos super pesados no difícil terreno da floresta.
Tudo isso, dando uma atenção especial a formar novos pesquisadores para fortalecerem esse legado dedicado à natureza.
Acompanhei de perto quando ninhos foram mapeados, quando águias ganharam transmissores para que seus deslocamentos fossem compreendidos, tudo isso com base em ciência e muito, muito respeito pela natureza.
Poucos sabem o que é carregar nas costas quilos de equipamentos por horas, monitorar árvores de dezenas de metros em meio a floresta densa ou passar dias em silêncio apenas para entender melhor o ciclo de uma espécie ameaçada.
Isso sendo atacados por mosquitos e carrapatos, com calor, chuva, atoleiros, comendo e dormindo fora do conforto de casa e longe da família. Provações que só quem tem um propósito muito importante consegue suportar.
Multiplicando vozes
Mas talvez a contribuição mais importante do professor Aureo vá além da pesquisa. Ele é, acima de tudo, um formador. Um mestre. Um daqueles professores que não se contenta em acumular conhecimento — ele faz questão de compartilhar e cultivar novas lideranças. Pessoas com alto nível vocacionado à conservação da biodiversidade.
Já testemunhei a persistência com que ele acompanha seus alunos, a atenção que dedica aos jovens pesquisadores e pesquisadoras. Muitos dos nomes que hoje lideram esforços de conservação no Espírito Santo (e até fora dele) passaram por sua orientação.
Eu mesmo aprendi muito com ele. E continuo aprendendo. Foi também o professor quem me incentivou a seguir um caminho que transformou profundamente minha atuação na conservação da natureza: ele me sugeriu que fizesse o mestrado profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável no IPÊ/ESCAS.
Essa escolha ampliou minhas perspectivas, abriu portas e consolidou conhecimentos que hoje pautam os caminhos que venho trilhando.
Esse título acadêmico foi um ponto de virada — e devo muito disso à visão generosa e orientadora do Áureo, sempre atento em formar e fortalecer quem está ao seu redor.
Uma árvore que ensina e floresce todos os dias
Há pessoas que são como as árvores que as Harpias fazem seus ninhos. Criam raízes fortes e profundas, sustentam outros seres e permanecem firmes mesmo quando os ventos sopram forte. É assim que vejo o professor Aureo Banhos.
Se hoje o Espírito Santo é referência em ecologia de estradas e conservação de harpias, muito disso se deve ao trabalho dele e de sua equipe. E se eu puder contribuir para que mais pessoas conheçam e valorizem esse trabalho, já fico feliz.
Ver o Aureo em campo, com sua mochila nas costas, suas ideias “fora da caixa” e seu coração entregue, é como assistir a uma aula de ética, ciência e amor pela natureza.
A natureza precisa de defensores como ele. E o futuro precisa de mais professores assim. Que sua história inspire novas gerações a se apaixonarem pela ciência, pela floresta e pela vida.
Convite
Procure saber mais sobre o trabalho do professor Aureo e sua equipe.
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Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima aventura!