Sete pinguins-de-Magalhães resgatados após encalhes em praias do Espírito Santo receberam dispositivos de monitoramento por satélite e poderão ser acompanhados em tempo quase real durante sua jornada no mar. Eles devem ser soltos nesta quarta-feira (1) pela equipe do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM).
Segundo o médico veterinário e presidente do IPRAM, Luís Mayorga, o transmissor é fixado nas penas dos animais, sem causar qualquer dor ou desconforto.
“O dispositivo sequer toca a pele dos pinguins. Ele permite que os pesquisadores acompanhem os deslocamentos em mar aberto e entendam melhor os padrões de dispersão da espécie em águas brasileiras”, explica. Veja vídeo:
Como funciona o transmissor
De acordo com Silvia Gastal, bióloga e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), os dispositivos são transmissores satelitais que emitem sinais captados por satélites, transformados em coordenadas geográficas.
“Eles são fixados no dorso dos animais com auxílio de uma fita e cola especiais, à prova d’água. Com o tempo, o equipamento se solta naturalmente ou pode cair até mesmo durante a troca de penas, quando a pena cai e leva o transmissor junto”, detalha.
Os equipamentos são desenvolvidos na Nova Zelândia, por uma empresa especializada.
Além dos transmissores, os animais receberam também a aplicação de nanochips sob a pele, seguindo os protocolos da Rede Brasileira de Atendimento a Encalhes e Informação de Pinguins (REPIN), do ICMBio/Cemave.
O objetivo é que, em caso de novos encalhes ao longo da costa, as instituições locais possam identificar os indivíduos rapidamente por meio de leitores específicos.
A iniciativa faz parte do Projeto de Monitoramento de Pinguins por Telemetria Satelital, uma exigência estabelecida no âmbito de um processo de licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA.
O projeto é operacionalizado pela Perenco, BMP Ambiental e pelo Laboratório de Aves Aquáticas e Tartarugas Marinhas da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
A espécie
Os pinguins-de-Magalhães são visitantes sazonais no litoral brasileiro e, frequentemente, acabam encalhando durante a migração.
A reabilitação e o monitoramento científico ajudam não apenas na recuperação dos animais, mas também no avanço de pesquisas sobre o comportamento da espécie e os impactos ambientais que enfrentam.
O público também pode contribuir. Quem encontrar um animal marinho encalhado, vivo ou morto, no Espírito Santo deve acionar o Programa de Monitoramento de Praias (PMP) pelo telefone 0800 991 4800.