Pelo menos duas pessoas morreram e nove ficaram gravemente feridas, neste sábado (13), em um ataque a tiros na Universidade Brown, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada pelo prefeito Brett Smiley, de Providence, que abriga o campus da instituição.
A Universidade Brown afirmou em um comunicado divulgado no início da manhã deste domingo (14) que as duas pessoas mortas e outras nove feridas no tiroteio eram todas estudantes.
Este é um dia de imensa tristeza. Nenhum pai ou familiar deveria jamais ter que enfrentar um dia como este.
Universidade Brown
O departamento policial de Providence, capital de Rhode Island, publicou um vídeo do suspeito do massacre em seu perfil do X, que mostra o homem deixando o prédio a pé, vestido de preto. Ele ainda não foi encontrado.
As autoridades confirmaram que o tiroteio ocorreu dentro de uma sala de aula no prédio de Engenharia Barus and Holley.
Os policiais se espalharam pelo campus e por um bairro repleto de casas imponentes de tijolos, revistando prédios acadêmicos, quintais e varandas por horas após o início do ataque. O suspeito foi visto pela última vez saindo do prédio de engenharia onde ocorreu o crime, disse Timothy O’Hara, subchefe de polícia.
“O impensável aconteceu”, disse o governador democrata de Rhode Island, Dan McKee.

Joseph Oduro conduzia uma sessão de estudos de economia na Universidade Brown na tarde de sábado quando um homem mascarado, armado com um rifle, invadiu sua sala com cerca de 60 estudantes e começou a atirar.
A sessão da disciplina Princípios de Economia, marcada das 14h às 16h em um dos prédios de Engenharia do campus, estava quase terminando. “Eu estava apenas dando minha revisão, como sempre”, disse Oduro, estudante do último ano, de 21 anos, e assistente de ensino, em entrevista ao The New York Times.
Pouco depois das 16h, ele encerrou o encontro — que seria sua última aula com aquele grupo — e se despediu. “Eu estava dizendo aos meus alunos o quanto sou grato por eles”, contou. Quando todos se levantavam para sair, “de repente, ouvimos tiros e pessoas gritando” no corredor.
Cerca de três segundos depois, disse ele, um homem com máscara e rifle entrou na sala e começou a atirar. O agressor gritou algo que Oduro não conseguiu entender. “É isso que os alunos, eu e os detetives estamos tentando decifrar”, disse.
A sala fica no primeiro andar, é uma das maiores do prédio e tem capacidade para 186 pessoas, segundo o site da universidade.
Oduro, que estuda matemática aplicada, economia e ciência da computação, descreveu o espaço como um auditório com fileiras de assentos separadas por dois corredores, semelhante a uma sala de cinema. A fileira central tinha cerca de 10 assentos, e as laterais, três cada.
Ele contou que se escondeu atrás de uma mesa com cerca de 20 estudantes, e que um deles foi baleado na perna.
Outros 20 estudantes correram para fora pelas portas laterais. Os que estavam na fileira do meio tiveram mais dificuldade para escapar dos disparos.
Os alunos da fileira central foram os mais atingidos. Muitos ficaram caídos e não se moviam. Não faço ideia de quantos.
Joseph Oduro
Emma Ferraro, estudante de engenharia química, estava no saguão do prédio de engenharia trabalhando em um projeto final quando ouviu estrondos vindos do lado leste. Assim que percebeu que eram tiros, ela correu para a porta e fugiu para um prédio próximo, onde ficou esperando por algumas horas.
Autoridades da universidade inicialmente informaram aos alunos e funcionários que um suspeito estava sob custódia, antes de negarem a informação e dizerem que a polícia ainda estava procurando um ou mais suspeitos, de acordo com alertas emitidos pelo sistema de notificação de emergência da Brown.
O prefeito disse que uma pessoa inicialmente suspeita foi detida, mas depois liberada. “Ainda estamos recebendo informações sobre o que está acontecendo, mas estamos apenas dizendo às pessoas para trancarem suas portas e permanecerem vigilantes”, disse o vereador de Providence, John Goncalves.
Segundo o site da universidade, o prédio inclui mais de 100 laboratórios, dezenas de salas de aula e escritórios. Exames de projeto de engenharia estavam em andamento quando o tiroteio ocorreu.
Alex Bruce, estudante sênior de bioquímica da Brown, estava trabalhando em um projeto de pesquisa final em seu dormitório, do outro lado da rua do prédio, quando ouviu sirenes do lado de fora e recebeu uma mensagem de texto sobre um atirador ativo pouco depois das 16h. “Estou aqui tremendo”, disse ele, observando pela janela, enquanto meia dúzia de policiais armados com equipamento tático cercavam seu dormitório.
Ele disse que temia por um amigo que achava que estava dentro do prédio de engenharia naquele momento. Os alunos de um laboratório próximo se esconderam debaixo das mesas e apagaram as luzes após receberem um alerta sobre o tiroteio, disse Chiangheng Chien, um aluno de doutorado em engenharia que estava a cerca de um quarteirão do local.
Mari Camara, 20 anos, estudante do terceiro ano, da cidade de Nova York, estava saindo da biblioteca e correu para dentro de uma taqueria para se proteger. Ela passou mais de três horas lá, trocando mensagens com amigos enquanto a polícia vasculhava o campus. “Todos estão como eu, chocados e aterrorizados com o que aconteceu”, disse ela.
O presidente Donald Trump disse aos repórteres que havia sido informado sobre o tiroteio e que “tudo o que podemos fazer agora é rezar pelas vítimas”. “É uma pena”, disse ele em breves comentários na Casa Branca. O FBI disse que estava ajudando no caso.
A Brown, uma das faculdades mais prestigiadas do país, tem cerca de 7,3 mil alunos de graduação e mais de 3 mil alunos de pós-graduação. As mensalidades, alojamento e outras taxas chegam a quase US$ 100 mil por ano, de acordo com a universidade.
*Com informações de NYT e AP