
A família do técnico de enfermagem Bruno de Paula Carvalho Fernandes, de 29 anos, foi avisada da morte do capixaba na Guerra na Ucrânia por mensagem. Ele atuava como voluntário no exército ucraniano e foi morto nesta sexta-feira (1º).
A família busca respostas e informações sobre o corpo. Natural de Barra de São Francisco, Bruno morava em Governador Valadares, Minas Gerais, e deixou esposa, um filho de 5 anos e uma enteada de 6 anos.
Bruno estava na Ucrânia há quatro meses após ser recrutado por um grupo para trabalhar como técnico de enfermagem, cuidando de soldados. Ele fazia parte da Legião Internacional de Defesa da Ucrânia, formado por voluntários de vários países.
A mãe do capixaba, Betânia Paulo da Silva, disse que a família está tentando contato com a Legião para obter mais informações. O único retorno obtido pelos familiares foi de que um documento será enviado explicando como Bruno foi morto.
Familiares também buscaram o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) para obter informações sobre o traslado do corpo, mas estão desacreditados que consigam realizar a operação.
Capixaba estava como técnico de enfermagem na Ucrânia
Antes de ir, o capixaba disse à mãe que não ia trabalhar diretamente no conflito, apenas no auxílio aos soldados. No entanto, a família de Bruno disse que ele estava na linha de frente.
“Ele comentou comigo que o salário era bom e eu falei: ‘Meu filho, o salário é bom, mas tem o risco da vida'”, disse Betânia.
O professor de Relações Internacionais da Universidade de Vila Velha (UVV), Daniel Carvalho, observou que a falta de treinamento específico para a guerra pode ter sido determinante para a morte de Bruno.
Mandar alguém sem um treinamento próprio e específico para a guerra não é só um risco que dificulta atingir os objetivos militares, mas é praticamente sentenciar a pessoa à morte no campo de batalha. Se você não consegue falar a mesma língua que os soldados que estão ao seu lado, você sequer consegue pedir socorro.”
Daniel Carvalho
Família foi avisada por mensagem
De acordo com informações de Betânia, a confirmação da morte foi realizada por meio de uma mensagem do tradutor da equipe de voluntários, encaminhada para o celular da mulher de Bruno. Ele morreu com outros três combatentes.
Bruno já havia sido alvejado antes da morte, na parte da mão. Entretanto, foi operado e voltou para a cena do combate.
“Eles foram atacados, depois recebeu alta. Alguns dias depois ele havia sido recrutado para voltar. Mas ele estava tendo movimentos involuntários com a mão”, contou a mãe.
Traslado do corpo
Muito abalada, a mãe de Bruno narrou que aguarda informações oficiais e busca o traslado do corpo para o Brasil, a fim de realizar o sepultamento na cidade natal.
“Estou tentado contato com alguém da embaixada para me ajudar. Eles me falam que preciso de um comunicado ucraniano, estamos tentando entrar em contato com a pessoa que falou com a minha nora. Eles dizem que vão mandar quando estiver pronta, mas quando é esse ‘quando?’. Não sei o que fazer”, disse Betânia Paulo da Silva.
A mãe acredita que dificilmente haverá a devolução do corpo do filho, mas implora por informações.
“Eu não sei o que fazer. Eu não vou poder trazer o corpo do meu filho, eu sei que eles não vão me devolver. Mas se eles dessem pelo menos um parecer para a gente”, lamentou Betânia.
O Itamaraty disse que está à disposição para prestar a assistência consular devida, por meio da Embaixada do Brasil em Kiev. Em nota, o ministério ressaltou que o atendimento consular prestado é feito a partir de contato do cidadão interessado, no caso da família de Bruno.
Por questões de direito à privacidade, o órgão disse que não divulga informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares e tampouco fornece detalhes sobre a assistência prestada a brasileiros.
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/ Record