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Cineasta capixaba é presa durante reunião com imigração nos EUA

O caso foi relatado pelo marido de Bárbara, que chegou a dar a esposa como desaparecida, mas ele conseguiu contato com ela no domingo (28)

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Bárbara Marques é cineasta. Foto: Arquivo pessoal
Bárbara Marques é cineasta. Foto: Arquivo pessoal

A cineasta capixaba Bárbara Marques, conhecida pelos curtas “Dia de Cosme e Damião” (2016) e “Cartaxo” (2020), foi presa pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) durante uma audiência em Los Angeles para obtenção do green card.

O caso foi relatado por seu marido, o montador e ator norte-americano Tucker May, em publicações nas redes sociais. Tucker chegou a dar Bárbara como desaparecida, mas atualizou as publicações dizendo que conseguiu contato com a esposa no domingo (29). A prisão aconteceu no último dia 16 de setembro.

Ela está detida em um campo de detenção na Louisiana. Após quase 3 dias de viagem algemada, com períodos de mais de 12 horas sem comida ou água e sem cama para dormir. Ela não tem antecedentes criminais, mas está recebendo tratamento desumano que não seria aceitável nem mesmo para criminosos experientes.”

Tucker May, ator e marido da cineasta

Tucker disse ainda que Bárbara tem um problema crônico de coluna e que medicamentos estariam sendo negados à cineasta, até mesmo remédios para dor como ibuprofeno.

Em entrevista ao Folha Vitória, a diretora e escritora Nikki Groton, amiga de Bárbara, explicou que a cineasta já tinha o visto americano e que estava em busca do green card, que é um documento de residência permanente concedido pelo governo dos Estados Unidos a cidadãos estrangeiros.

“Barbara é uma grande amiga. Ela estava buscando um green card após se casar em abril com um cidadão americano. Ela já tinha visto antes disso. O governo alega que ela não respondeu a uma carta enviada em 2019. Mas ela nunca recebeu essa carta. Ela foi presa quando compareceu a uma reunião para obter o green card com o marido”, detalhou.

Quem é Bárbara Marques

Nascida em Vitória (ES), Bárbara Marques é formada em Cinema pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Desde 2018, ela vive em Los Angeles, onde desenvolveu carreira como diretora, produtora e atriz.

Em entrevista à Voyage LA, ela conta que o interesse pelas artes surgiu ainda na infância, inspirado pela tia, a atriz Elisa Lucinda. Aos 17 anos, Bárbara estreou nos palcos em uma montagem de “O Santo e a Porca”, de Ariano Suassuna.

Aos 19 anos, mudou para o Rio de Janeiro para estudar interpretação na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) e, posteriormente, aprofundou sua formação em cinema. No período, trabalhou em curtas-metragens, peças teatrais e em produções de TV e cinema, além de atuar em projetos em Angola.

Em Los Angeles, dirigiu o curta “Cartaxo” (2019), em homenagem à atriz Marcelia Cartaxo, além de produções como “Love” (2023), vencedor de melhor documentário no Filmae Film Festival de Brasília, e “Pretas” (2023), exibido no Los Angeles Brazilian Film Festival.

Prisão após audiência de imigração

Segundo May, a cineasta foi presa logo após um encontro com agentes de imigração no prédio federal do centro de Los Angeles. A prisão aconteceu no último dia 16 de setembro. Ele relatou que, ao fim da reunião, os atendentes afirmaram que tudo estava correto com a documentação do casal.

Pouco depois, no entanto, um funcionário teria usado o pretexto de uma impressora quebrada para separar Bárbara de seu advogado, momento em que foi levada sob custódia.

“O motivo da prisão foi uma audiência judicial de 2019 que minha esposa nunca foi notificada”, afirmou May em publicação no Instagram.

Dificuldades de acesso à defesa

Depois da prisão, Bárbara foi encaminhada ao Centro de Detenção de Adelanto, na Califórnia. De acordo com May, a unidade dificultou a comunicação da cineasta com seus advogados.

“O centro de Adelanto tem impedido ativamente que minha esposa converse com seu advogado, atrasando a entrega de documentos que foram enviados para a unidade”, disse.

O marido ainda relatou que, mesmo após os advogados terem protocolado uma ordem judicial para impedir a remoção da brasileira, ela foi transferida para outro local.

“Na noite passada, ela foi levada da instalação de Adelanto para um destino não revelado. Eles podem estar mandando-a para qualquer lugar do mundo, e nós não temos como saber”, escreveu.

Mobilização por visibilidade

Preocupado com a segurança da esposa, Tucker May tem usado as redes sociais para pedir apoio. “Peço ajuda para atrair a atenção da mídia e das autoridades para estes múltiplos lapsos no devido processo legal e nos procedimentos adequados”, publicou.

O caso ocorre em meio a críticas sobre a atuação do ICE e a condução de processos migratórios nos Estados Unidos, que têm sido apontados por organizações como excessivos e falhos em relação aos direitos dos imigrantes.

Patricia Maciel

Repórter

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.

Jornalista formada em 2011, com experiência nas principais empresas de comunicação do Espírito Santo. Também atuou como assessora de comunicação e social media.