
O ator Tucker May, marido da cineasta capixaba Bárbara Marques, que foi presa pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) no último dia 16 de setembro, informou nesta sexta-feira (03) que a esposa foi transferida para a Califórnia, o que acende a esperança de que ela possa ser solta e seu processo de imigração resolvido.
Segundo o relato de May em uma rede social, quando a capixaba entrou no Centro de Detenção ICE da Califórnia, as outras detentas comemoraram fervorosamente. “As mulheres lá dentro aplaudiram, aplaudiram e correram para abraçá-la”, diz o relato.
O marido da cineasta já relatou diversas transferências da esposa desde que ela foi presa. Na quinta-feira (2), em uma outra postagem, o ator contou que Bárbara havia sido levada para o Arizona, o que, pela proximidade com o primeiro local de detenção, poderia significar uma possível soltura.
“Ontem à noite, Bárbara confirmou que está no Arizona. Temos esperança de que isso signifique que ela esteja a caminho de volta para a Califórnia. Cada passo adiante é graças ao apoio incrível de vocês. Prova do poder que temos juntos”, comemorou.
A confirmação de que ela foi realmente transferida para a Califórnia veio nesta sexta (3). May tem pedido que apoiadores façam pressão pública, através de figuras políticas e organizações de direitos humanos.

Maus-tratos
O marido de Bárbara tem relatado que ela sofre tratamento desumano desde que foi presa e que chegou a usar sapatos como travesseiro. Em uma postagem no último dia 1º, o ator relatou que a cineasta ficou mais de 12 horas sem comida ou água e que havia sido negado a ela um equipamento médico para o tratamento de um problema crônico de coluna e até ibuprofeno, para dor.
Ele também relatou falta de acesso a suprimentos básicos, como sabonetes, cobertores, desodorantes e papel higiênico. “Essas condições são violações de direitos humanos básicos”, diz a publicação. May tem buscado visibilidade na imprensa local e está arrecadando doações para pagar honorários dos advogados.
Entenda o caso
Bárbara Marques se casou com o ator americano Tucker May em abril deste ano e buscava os meios legais de conseguir o green card, que é um documento de residência permanente concedido pelo governo dos Estados Unidos a cidadãos estrangeiros.
No último dia 16, a capixaba esteve em uma reunião com agentes de imigração no prédio federal do centro de Los Angeles, de onde saiu presa.
O marido de Bárbara ficou dias sem notícias da esposa e chegou a dar a brasileira como desaparecida, mas atualizou as publicações dizendo que conseguiu contato com Bárbara no domingo (29).
Ela está detida em um campo de detenção na Louisiana. “Após quase 3 dias de viagem algemada, com períodos de mais de 12 horas sem comida ou água e sem cama para dormir. Ela não tem antecedentes criminais, mas está recebendo tratamento desumano que não seria aceitável nem mesmo para criminosos experientes”, relatou May, na ocasião.
Comissão de Direitos Humanos da Assembleia pediu ajuda ao Itamaraty
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) enviou um ofício ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, pedindo providências urgentes no caso da cineasta capixaba Bárbara Marques, detida desde 16 de setembro pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE).
O documento, enviado na última terça-feira, solicita que o Itamaraty atue junto às autoridades norte-americanas para assegurar que Bárbara tenha acesso à defesa legal, contato com a família e condições dignas de detenção.
O texto também alerta para possíveis violações ao devido processo legal, previsto na Constituição dos Estados Unidos e em tratados internacionais de direitos humanos.
A iniciativa foi da deputada estadual Camila Valadão (Psol), que afirmou que acompanha o caso desde a semana passada.
“Assim que recebemos a denúncia, iniciamos o acompanhamento e buscamos informações. Agora, com o ofício encaminhado ao Itamaraty, reforçamos a urgência de garantir os direitos de Bárbara. Ela é uma cidadã brasileira, capixaba, e não pode ficar desamparada nesse processo”, afirmou.
O ofício pede que o Consulado-Geral do Brasil em Los Angeles acompanhe de perto a situação, além da adoção de providências diplomáticas urgentes junto às autoridades norte-americanas.