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Equipes médicas desmaiam de fome enquanto atendem feridos em Gaza

Relatos de médicos denunciam a fome na região em meio a restrições à ajuda humanitária impostas por Israel

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Fome em gaza
Palestinos seguram panelas vazias (Foto: Nour Alsaqqa/MSF)

Em vários dos hospitais ainda em funcionamento em Gaza, enfermeiros estão desmaiando de fome e desidratação. Os administradores muitas vezes não conseguem fornecer refeições para os pacientes ou para a equipe médica.

Médicos estão ficando sem fórmula para bebês recém-nascidos, em alguns casos oferecendo apenas água. E pelo menos três grandes hospitais não têm os fluidos nutricionais necessários para tratar adequadamente crianças e adultos desnutridos.

Essas cenas foram descritas em entrevistas feitas a partir de sexta-feira, 25, com sete médicos — quatro de Gaza e três voluntários da Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. Todos trabalharam na última semana em quatro dos principais hospitais do território.

Após meses de alertas, agências internacionais, especialistas e médicos afirmam que a fome agora varre Gaza, em meio a restrições à ajuda humanitária impostas por Israel há meses.

Pelo menos 56 palestinos morreram este mês de inanição no território, quase metade do total de mortes por fome desde o início da guerra, há 22 meses, segundo dados divulgados no sábado, 26, pelo Ministério da Saúde de Gaza.

À medida que a fome aumenta, as instituições médicas e suas equipes, já sobrecarregadas com feridos de guerra e doenças, agora também enfrentam o crescente número de casos de desnutrição.

Médicos ficam sem medicamentos

Fracos e tontos, profissionais de saúde estão desmaiando nas enfermarias, onde colegas os reanimam com soro fisiológico e gotejamentos de glicose. Constantemente sem ferramentas básicas como antibióticos e analgésicos, os médicos também estão ficando sem os gotejamentos intravenosos especiais usados para alimentar pacientes debilitados.

Em todos os quatro hospitais, os médicos descreveram como estão cada vez mais incapazes de salvar bebês desnutridos e, em vez disso, são forçados a apenas acompanhar seu declínio. Os bebês estão fracos demais para receber nutrientes em grande quantidade, o que poderia sobrecarregar seus sistemas e causar a chamada “síndrome da realimentação”, que pode levá-los à morte.

Em alguns casos, os fluidos que os médicos podem administrar com segurança aos bebês não são suficientes para impedir que eles morram. “Vi alguns prestes a morrer”, disse a Dra. Ambereen Sleemi, uma cirurgiã americana que está como voluntária desde o início de julho no Hospital Nasser, no sul de Gaza.

Os bebês chegaram ao hospital “famintos e desnutridos”, disse ela por telefone na sexta-feira, “e não conseguimos trazê-los de volta”./ Informações de The New York Times