
O Hamas afirmou neste domingo, 1º, que está pronto para iniciar “imediatamente” uma nova rodada de negociações para o cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O comunicado foi emitido pelo grupo terrorista depois que Catar e Egito disseram ter intensificado os esforços para encerrar a guerra, que deixou mais de 54 mil mortos no território palestino.
Na semana passada, Israel concordou com a proposta dos Estados Unidos para o cessar-fogo temporário em Gaza. O Hamas, por outro lado, buscava fazer emendas ao texto. A reposta do grupo terrorista foi classificada pelo enviado especial americano Steve Witkoff como “totalmente inaceitável”.
Sob condição de anonimato, um dirigente do Hamas havia dito no sábado, 31, que as emendas propostas envolvem “as garantias dos EUA, o cronograma de libertação dos reféns, a entrega de ajuda humanitária e a retirada das forças israelenses”. Nenhum detalhe adicional foi fornecido.
Em declaração separada, o Hamas havia afirmado que a proposta visa ao cessar-fogo permanente, com a retirada das tropas israelenses, e garantias para ajuda humanitária à Faixa de Gaza. De acordo com o grupo terrorista, 10 reféns vivos e os corpos de outros 18 seriam entregues em troca pela liberação de prisioneiros palestinos.
Nas redes sociais, Witkoff descreveu um acordo de cessar-fogo de 60 dias que libertaria metade dos reféns vivos e permitiria o retorno dos corpos de metade dos que morreram. Das cerca de 250 pessoas sequestradas no ataque terrorista de 7 de outubro, 58 ainda estão sob poder do Hamas. Israel acredita que 35 deles estão mortos.
O impasse nas negociações surgiu enquanto Israel enfrenta a pressão internacional pela crise humanitária na Faixa de Gaza. Após quase três meses de bloqueio, o país permitiu que a ajuda aos palestinos fosse retomada, mas de forma limitada. Organizações internacionais afirmam que essa ajuda é insuficiente e o novo sistema de distribuição enfrenta críticas.
Neste domingo, ao menos 31 pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas, enquanto grandes multidões se dirigiam a um ponto de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza, segundo autoridades de saúde.
Testemunhas disseram que forças israelenses abriram fogo contra a multidão pouco antes do amanhecer, a cerca de um quilômetro de um ponto de ajuda administrado por uma fundação apoiada por Israel e EUA.
Sameh Hamuda, um deslocado de 33 anos do norte de Gaza, disse que andou mais de 25 quilômetros para chegar ao centro de distribuição em Rafah. “De repente, drones abriram fogo contra as pessoas e os tanques começaram a disparar intensamente. Várias pessoas foram mortas bem na minha frente”, relatou. “Corri e sobrevivi. A morte te persegue enquanto você ainda estiver em Gaza”, afirmou.
Chefe da agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini disse neste domingo que “a distribuição de ajuda se tornou uma armadilha mortal”. O exército israelense negou que suas forças tenham atirado contra civis. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)