
A ex-âncora de telejornal, Stephanie Hockridge, foi condenada a 10 anos de prisão, pois colaborou com um esquema que fraudou mais de R$ 340 milhões do Programa de Proteção ao Salário — auxílio emergencial criado pelo governo dos Estados Unidos durante a pandemia da Covid-19.
Ela foi acusada de contribuir para a fraude eletrônica. A decisão prevê ainda dois anos de liberdade condicional e o pagamento integral do valor desviado.
Hockridge, de 42 anos, era coproprietária da Blueacorn em abril de 2020. A empresa surgiu com a promessa que iria facilitar o acesso de empresas menores aos empréstimos emergenciais.
Os promotores e os documentos do Departamento de Justiça apontam que a Blueacorn operou até maio de 2021 e se tornou uma das intermediárias mais ativas do programa federal de 800 bilhões de dólares. As investigações mostram que a empresa também se tornou um canal para fraudes.
A acusação afirma que Hockridge e Nathan Reis, seu marido e sócio, criaram um serviço apelidado de VIPPP, a fim de orientar solicitantes a preencher pedidos considerados falsos. Segundo promotores, o grupo falsificava registros de folha de pagamento, extratos bancários e documentos fiscais para aumentar os valores dos empréstimos.
Testemunhas afirmaram que a empresa cobrava porcentagens ilegais sobre os valores liberados. De acordo com dois casos registrados na acusação, Hockridge fez solicitações falsas em 2020 e 2021 que, segundo o Departamento de Justiça, geraram transferências diretas para suas contas. Ela foi absolvida das acusações específicas que tratavam desses dois pedidos.
O juiz Reed O’Connor, responsável pela sentença, classificou o prejuízo ao programa federal como expressivo.
O advogado de defesa, Richard E. Finneran, contestou o veredicto. Finneran declarou que Hockridge foi condenada por empréstimos que os promotores nunca provaram serem fraudulentos e está confiante de que a condenação será anulada na apelação.
Em 2022, um painel do Congresso divulgou um relatório que detalhou falhas estruturais do programa emergencial e criticou a Blueacorn por controles internos frágeis e carência de mecanismos para separar pedidos válidos de fraudes.
Segundo o documento, a empresa operava com pouco pessoal e se aproveitou da fiscalização limitada do governo durante o período mais crítico da pandemia.
Nathan Reis se declarou culpado pela mesma conspiração em agosto e aguarda sentença marcada para dezembro.
As autoridades afirmam que o esquema somou mais de 63 milhões de dólares em empréstimos considerados fraudulentos. Hockridge, que atuou como âncora da emissora ABC15 entre 2011 e 2018, deixou o jornalismo antes de ingressar no negócio que se tornou o centro da investigação federal.
*Com informações do portal R7