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Terremoto de magnitude 8,8 provoca tsunami na Rússia, Japão e Havaí

O terremoto foi registrado no mar, a cerca de 100 km da Península de Kamtchatka

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Foto: Reprodução/Redes sociais
Foto: Reprodução/Redes sociais

Um terremoto de magnitude 8,8 atingiu a península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, na noite desta terça-feira (29) (horário de Brasília, manhã de quarta-feira em Moscou), gerando um tsunami que atingiu o território russo, o Japão e o Havaí com ondas de 3 a 4 metros. É o mais forte no mundo desde o de 2011, que causou o desastre nuclear de Fukushima.

Pouco após o terremoto, autoridades russas informaram que havia relatos de pessoas com ferimentos leves e prédios danificados no leste do país. O governo do Japão e do estado americano do Havaí emitiram ordens de retirada para regiões costeiras. A Guarda Costeira dos EUA ordenou que navios saíssem dos portos à medida que o tsunami se aproximava.

Na Califórnia, autoridades fecharam algumas praias, docas e portos, em alerta a correntes fortes e consideradas perigosas. A Colômbia deu ordem para que os moradores saíssem de praias e zonas costeiras do oceano Pacífico nesta quarta-feira (30). “Alerta de tsunami para Chocó e Nariño”, publicou no X a Unidade Nacional para a Gestão do Risco de Desastres, referindo-se às duas regiões do Pacífico colombiano.

Uma autoridade japonesa afirmou, por volta das 23h de Brasília, que não havia registro de feridos no país até o momento e que nenhuma usina nuclear relatou irregularidades. Ainda assim, os trabalhadores que atuam na remoção de resíduos radioativos na antiga usina de Fukushima foram retirados do local após o alerta.

A primeira onda do tsunami atingiu a área costeira de Severo-Kurilsk, a principal cidade russa da península. De acordo com o governador local, Valeri Limarenko, os moradores estavam seguros e permaneceriam em áreas mais altas até o fim da ameaça de novas ondas gigantes.

Autoridades russas não relataram danos significativos em Kamchatka. O Instituto de Oceanologia da Rússia afirmou que as ondas do tsunami podem ter atingido até 10 metros em algumas áreas da costa. As ondas que atingiram Severo-Kurilsk, nas Ilhas Curilas, ultrapassaram 6 metros.

Quatro ondas atingiram a cidade, segundo o prefeito do distrito, Alexander Ovsiannikov. De acordo com Ovsiannikov, o mar subiu até 200 metros da costa. Autoridades decretaram estado de emergência nas Ilhas Curilas após o tsunami.

No Japão, há quase dois milhões de pessoas retiradas. O secretário-chefe de gabinete japonês, Yoshimasa Hayashi, disse aos desabrigados nas áreas afetadas pelo tsunami que talvez não seja possível retornar para casa até o final do dia de quarta-feira.

Hayashi disse que as ondas podem permanecer altas por pelo menos um dia e pediu aos retirados que tomem precauções.

O governo japonês disse que a maior onda que atingiu o país até agora foi de 1,3 metros em Kuji, um remoto porto de pesca na costa nordeste da ilha principal, Honshu.

No Havaí, o governador Josh Green anunciou que todos os voos na ilha de Maui foram cancelados por precaução.

“Até agora, tudo está indo bem”, disse ele em entrevista coletiva, mas alertou que as consequências ainda demorariam duas ou três horas. “Ainda não vimos nenhuma atividade de ondas passando pela Ilha Grande.”

Em Honolulu, sirenes de alerta de tsunami alertaram sobre o risco e civis foram retirados para áreas mais altas. Green disse que autoridades observaram que a água recuou de 6 a 9 metros no Porto de Haleiwa, em Oahu, a ilha mais populosa do estado, um indício de que as ondas do tsunami chegarão.

Kahului, uma comunidade em Maui, registrou a maior onda de tsunami até o momento no Havaí, com 1,75m de altura, informou o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico cerca de três horas após a chegada das ondas iniciais.

De acordo com o Centro de Alerta o tsunami gerado pelo terremoto pode causar danos ao longo das costas de todas as ilhas havaianas.

O Centro de Alerta de Tsunami do Ministério de Recursos Naturais da China emitiu um alerta para partes da costa leste do país, ao longo das províncias de Xangai e Zhejiang. O alerta prevê que as ondas podem atingir entre 0,3 e 1 metro.

Toda a costa norte-americana, do Alasca à Califórnia está sob alertas de tsunami de vários graus.

As ondas iniciais do tsunami na Califórnia, que atingiram a costa por volta da 1h, horário local, tinham cerca de 1,47 metros de altura, de acordo com dados da NOAA.

Ondas também atingiram a costa de Washington, informou o escritório de Seattle do Serviço Nacional de Meteorologia, pedindo aos moradores que fiquem longe da água e da costa.

O Departamento de Gestão de Emergências do Oregon, pediu que as pessoas se mantenham longe de praias, portos e marinas e permaneçam em um local seguro, longe da costa, até que o alerta seja suspenso. “Este não é um grande tsunami, mas correntes perigosas e ondas fortes podem representar um risco para aqueles que estão perto da água”, disse o departamento.

Em publicação no Truth Social, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou atenção para os alertas em vigor e pediu aos civis que monitorassem as informações mais recentes e escreveu: “MANTENHAM-SE FORTES E SEGUROS!”.

O alerta de ondas fortes também cobre a província canadense da Colúmbia Britânica e uma vasta faixa da costa do Alasca.

Alertas na América Latina

O Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico informou que ondas de um a três metros são possíveis nas costas do Chile, Costa Rica e outras ilhas do Pacífico.

O Equador ordenou a retirada preventiva de pessoas de praias, docas e áreas baixas nas Ilhas Galápagos, a mil km do continente devido ao risco de tsunami.

Ondas de até um metro podem atingir o litoral de outros locais, como Colômbia e México, disse o centro.

A Colômbia ordenou que moradores deixassem as praias e áreas costeiras.

O governo mexicano pediu à Proteção Civil que afastasse as pessoas da costa, enquanto o Chile esperava que um possível tsunami atingisse primeiro a Ilha de Páscoa, no Pacífico.

Da mesma forma, autoridades da Guatemala, Costa Rica, El Salvador e Panamá pediram aos seus moradores que evitassem atividades aquáticas nas costas do Pacífico.

Epicentro

O epicentro do terremoto foi no mar, a cerca de 100 quilômetros da costa Kamchatka e profundidade de 19,3 quilômetros. O terremoto foi superficial e forte o suficiente para causar ondas altas ou tsunamis. A princípio, o Serviço Meteorológico dos EUA (USGS) reportou magnitude 8,0, mas atualizou para 8,7 e, em seguida, para 8,8.

A Península de Kamtchatka tem cerca de 1.250 km de extensão e fica entre o Oceano Pacífico e o Mar de Okhotsk. A região abriga pequenas comunidades e formações vulcânicas ativas e está sujeita a terremotos e atividade sísmica intensa.

Segundo a agência de notícias russa Ria Novosti, o governador Kamchatka, Vladimir Solodov, disse que esse foi o terremoto mais forte da região em décadas. Em Severo-Kurilsk, cidade da península, o prefeito ordenou a retirada de civis.

A agência de notícias russa Tass noticiou, da maior cidade próxima, Petropavlovsk-Kamchatsky, que muitas pessoas correram para as ruas sem sapatos ou agasalhos. Armários tombaram dentro das casas, espelhos foram quebrados, carros balançaram na rua e sacadas de prédios tremeram visivelmente.

A península não tem uma densidade populacional alta. Até o momento, não há registro de feridos e mortos.

Tass também relatou cortes de energia e falhas no serviço de telefonia móvel na capital da região de Kamchatka.

No início de julho, cinco terremotos poderosos — o maior deles com magnitude 7,4 — atingiram o mar perto de Kamchatka. O maior terremoto ocorreu a uma profundidade de 20 quilômetros e ocorreu 144 quilômetros a leste da cidade de Petropavlovsk-Kamchatsky, que tem uma população de 180 mil habitantes.

Em 4 de novembro de 1952, um terremoto de magnitude 9,0 em Kamchatka causou danos, mas nenhuma morte relatada, apesar de ter provocado ondas de 9,1 metros no Havaí.