Um relatório da Guarda Costeira dos Estados Unidos divulgado nesta terça-feira (05) concluiu que a implosão do submarino Titan foi causada por falhas de segurança e de supervisão da empresa responsável OceanGate. O submersível implodiu e deixou cinco pessoas mortas durante uma expedição aos destroços do Titanic em 2023.
Segundo a Guarda Costeira dos EUA, o incidente ocorreu por falhas de projeto e pela negligência da OceanGate em seguir protocolos básicos de segurança. O acidente poderia ter sido evitado e teve como causa principal a perda de integridade estrutural do casco do submersível, feito de fibra de carbono.
O Titan implodiu em 18 de junho de 2023, a cerca de 3.350 metros de profundidade no Oceano Atlântico. Havia cinco pessoas a bordo, incluindo o então diretor-executivo da Oceangate, Stockton Rush. Todos morreram instantaneamente após a implosão.
O documento aponta que a OceanGate ignorou recomendações técnicas, omitiu inspeções e adotou práticas fora dos padrões estabelecidos para mergulhos em grandes profundidades.
A empresa operava o Titan sem revisão independente, certificações adequadas ou manutenção preventiva, além de ter ignorado alerta de funcionários sobre riscos no casco do submarino.
O relatório detalha que o casco de fibra de carbono apresentava falhas desde a fabricação, como imperfeições no enrolamento, cura, espessura e colagem. A empresa também não avaliou a vida útil do material e manteve a operação mesmo após sinais de desgaste.
Em vez de seguir procedimentos tradicionais, a companhia confiava em um sistema de monitoramento em tempo real que não era interpretado corretamente pelos técnicos, avaliou a Guarda Costeira.
Além disso, a investigação revelou uma cultura interna considerada tóxica. A OceanGate usava táticas de intimidação e ameaças de demissão para desencorajar questionamentos sobre a segurança das operações.
Depoimentos mostram que o ambiente de trabalho era marcado por pressão para acelerar testes e expedições, mesmo diante de falhas técnicas. Segundo o ex-diretor de engenharia Tony Nissen, ele se recusou a pilotar o Titan por não confiar na equipe de operações.
Já David Lochridge, ex-diretor de operações, afirmou ter sido demitido após levantar preocupações sobre a segurança da embarcação em 2018.
Em audiência pública conduzida em setembro de 2024, testemunhas relataram diversos incidentes anteriores à tragédia. Em uma das expedições, estalos foram ouvidos durante o mergulho.
Em outra, o veículo girava em círculos e não conseguia se mover em linha reta. Dias antes da tragédia, o submarino apresentou instabilidade e lançou os passageiros de um lado para o outro. Em todos os casos, a empresa optou por seguir com os planos sem reparos adequados.
A Guarda Costeira afirmou que a OceanGate explorou brechas regulatórias e evitou fiscalizações ao registrar o submarino nas Bahamas e operar a partir do Canadá. Segundo um ex-funcionário, Rush chegou a declarar que, se necessário, “compraria um congressista” para evitar problemas com autoridades dos Estados Unidos.
O relatório também revelou que a OceanGate usava de forma estratégica sua associação com instituições como Nasa e Boeing para dar legitimidade ao projeto. No entanto, funcionários dessas organizações afirmaram que a participação foi limitada e que suas recomendações não foram seguidas.
Especialistas apontam que, apesar de leve e resistente, a fibra de carbono é suscetível à fadiga quando submetida a pressões extremas e repetidas. O material também sofre corrosão com água salgada, o que pode comprometer sua estrutura ao longo do tempo.
A diretora de administração da empresa, Amber Bay, negou que a OceanGate estivesse desesperada para concluir mergulhos, apesar da cobrança de US$ 250 mil por cliente. No entanto, admitiu que havia uma “urgência” para cumprir o prometido aos participantes das expedições.
Na conclusão, a Guarda Costeira afirma que a empresa operou o Titan de forma imprudente por anos, ignorando riscos conhecidos. O colapso da embarcação foi resultado direto dessas decisões, afirmou o documento de 335 páginas.
Para as autoridades, a implosão poderia ter sido evitada se a Oceangate tivesse seguido padrões básicos de engenharia, certificação e segurança.
*Com informações do R7.