
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a falar neste domingo, 2, em ações militares na Nigéria. No sábado, 1°, ele ameaçou uma intervenção no país africano sob a justificativa de que cristãos estão sendo assassinados em território nigeriano por terroristas islâmicos.
Questionado por um repórter da AFP a bordo do Air Force One sobre se contemplava o envio de tropas americanas à Nigéria ou ataques aéreos, Trump respondeu:
“Pode ser, quer dizer, muitas coisas; estou considerando muitas coisas”. “Estão matando cristãos, e estão matando em grandes quantidades. Não vamos permitir que isso aconteça”, acrescentou.
No sábado, o presidente republicano já tinha declarado ter ordenado ao Pentágono a planejar uma possível ação militar em território nigeriano. A justificativa dada por Trump é de que o governo local não está conseguindo conter a perseguição que os cristãos estão sofrendo no país.
Em um post nas redes sociais, o presidente americano ameaçou suspender “imediatamente” toda a ajuda à Nigéria se os supostos assassinatos não cessarem.
Se o governo nigeriano continuar permitindo o assassinato de cristãos, os EUA suspenderão imediatamente toda assistência à Nigéria e poderão muito bem invadir aquele País, agora desonrado, ‘com armas em punho’ para eliminar completamente os terroristas islâmicos que estão cometendo essas atrocidades horríveis.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Presidente da Nigéria rebate Trump
O alerta de Donald Trump surgiu depois de o presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, rebater, neste sábado, o anúncio feito, no dia 31 de outubro, pelo presidente americano de que estava designando o país da África Ocidental como “um país de preocupação especial” por supostamente não ter conseguido conter a perseguição aos cristãos .
Na sexta-feira, 31, Trump afirmou que “o cristianismo enfrenta uma ameaça existencial na Nigéria” e que “islamitas radicais são responsáveis por esse massacre”.
O comentário de Donald Trump surgiu semanas depois de o senador republicano Ted Cruz ter instado o Congresso a designar o País mais populoso da África como violador da liberdade religiosa, com alegações de “assassinato em massa de cristãos”.
Também no sábado, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Kimiebi Ebienfa, reiterou em um comunicado o compromisso da Nigéria em proteger os cidadãos de todas as religiões.
“O Governo Federal da Nigéria continuará a defender todos os cidadãos, independentemente de raça, credo ou religião. Assim como os Estados Unidos, a Nigéria não tem outra opção senão celebrar a diversidade que é a nossa maior força”, disse.
A religiosidade nigeriana
A população da Nigéria, de 220 milhões de habitantes, está dividida quase igualmente entre cristãos e muçulmanos.
O país enfrenta há muito tempo a insegurança proveniente de várias frentes, incluindo o grupo extremista Boko Haram, que busca impor sua interpretação radical da lei islâmica e também tem como alvo muçulmanos que considera não “suficientemente muçulmanos”.
Os ataques na Nigéria têm motivações variadas: há ataques com motivação religiosa, visando tanto cristãos quanto muçulmanos; confrontos entre agricultores e pastores por recursos cada vez mais escassos; rivalidades comunitárias; grupos separatistas; e conflitos étnicos.
Embora os cristãos estejam entre os alvos, especialistas avaliam que a maioria das vítimas de grupos armados são muçulmanos no norte da Nigéria, região de maioria muçulmana onde ocorre a maior parte dos ataques.
A Nigéria foi incluída pela primeira vez na lista de países de preocupação especial dos EUA em 2020, devido ao que o Departamento de Estado chamou de “violações sistemáticas da liberdade religiosa”./COM AFP