
A aposentada Denise Bacon, uma paciente de 65 anos com doença de Parkinson, tocou clarinete enquanto estava sendo submetida a uma cirurgia no cérebro em um hospital de Londres, na Inglaterra, nesta terça-feira (21).
Ela passou pelo procedimento de Estimulação Cerebral Profunda (ECP), que ajuda a controlar os sintomas do Parkinson e estimula a coordenação motora da paciente.
Durante o procedimento, o paciente deve testar os estímulos motores e os resultados são percebidos durante a cirurgia. No caso de Denise, os médicos puderam ver – e ouvir – os resultados imediatamente.
Veja o vídeo:
Quem é a paciente?
A paciente é uma fonoaudióloga aposentada, natural de Crowborough, na região de East Sussex, na Inglaterra. Ela foi diagnosticada com a doença de Parkinson em 2014 e tem sofrido redução dos movimentos e aumento da rigidez muscular.
A doença comprometeu sua habilidade de andar, nadar, dançar e, inclusive, sua paixão de tocar clarinete. Denise tocava clarinete na banda do concerto de East Grinstead até 2020, quando precisou parar por conta dos sintomas de Parkinson.
Para a cirurgia, a equipe médica aplicou um anestésico no couro cabeludo e no crânio da paciente, mas ela permaneceu acordada durante a operação para o monitoramento dos sintomas.
A paciente contou que, ao longo da cirurgia, conseguiu sentir os movimentos das mãos sendo recuperado rapidamente.
Lembro que minha mão direita conseguiu se mover com muito mais facilidade assim que a estimulação foi aplicada, e isso, por sua vez, melhorou minha habilidade de tocar clarinete, o que me deixou muito feliz.
Denise Bacon, paciente
A melhora foi percebida também após a cirurgia, conta Denise. “Já estou percebendo melhorias na minha capacidade de andar, e estou ansiosa para voltar à piscina e à pista de dança para ver se minhas habilidades também melhoraram nessas áreas”, disse.
O que é a Estimulação Cerebral Profunda (ECP)?
A cirurgia durou quatro horas e foi realizada no Hospital de King’s College pelo professor de neurocirurgia Keyoumars Ashkan.
Segundo o hospital, a ECP é um procedimento usado para pacientes selecionados que têm resistência ao tratamento contra a perda de movimentos, provocado por doenças como a de Parkinson. O procedimento consistiu em implantar eletrodos no cérebro de Denise.
Buracos com metade do tamanho de uma moeda foram feitos no crânio da Denise, após um suporte com coordenadas precisas ser colocado em sua cabeça, funcionando como um GPS para nos guiar até as posições corretas dentro do cérebro onde os eletrodos seriam implantados”
Keyoumars Ashkan, médico responsável pela cirurgia
A cirurgia teve a participação de um neurologista, um neuropsicólogo e enfermeiras especializadas em ECP e em tratamento pré e pós-cirúrgico.
Os eletrodos foram conectados ao gerador de pulso, dispositivo semelhante a um marca-passo, proporcionando impulsos elétricos para modificar a atividade cerebral e reduzir os sintomas de Denise.
De acordo com o hospital, os resultados foram instantâneos e os movimentos nos dedos da paciente melhoraram imediatamente, permitindo que ela tocasse clarinete com facilidade.
Assim que os eletrodos foram posicionados no lado esquerdo do cérebro da Denise, a corrente foi ativada e uma melhora imediata foi observada nos movimentos da mão direita dela. O mesmo aconteceu do outro lado”
Keyoumars Ashkan, médico responsável pela cirurgia
O gerador de pulso foi implantado no peito de Denise. A paciente optou por um modelo recarregável que requer troca apenas após 20 anos de uso. O dispositivo irá monitorar a atividade cerebral e pode ajudar a ajustar o estímulo necessário automaticamente.
O médico Ashkan contou que sugeriu a Denise levar um clarinete para a sala de cirurgia para testar os estímulos cerebrais, por voltar a tocar ser um dos principais objetivos da paciente.
Ficamos encantados ao ver uma melhora instantânea nos movimentos das mãos e, consequentemente, em sua habilidade de tocar, assim que a estimulação foi aplicada ao cérebro
Keyoumars Ashkan, médico responsável pela cirurgia
*Com informações do R7
*Texto sob supervisão da editora Elisa Rangel