
Morreu nesta segunda-feira (27) o advogado capixaba Sergio Bermudes, aos 79 anos, no Rio de Janeiro, vítima de complicações da Covid-19. Bermudes exerceu a advocacia por mais de 50 anos, e é reconhecido como um dos maiores processualistas do país.
No início de sua carreira, na década de 1970, Bermudes atuou na causa da viúva de Vladimir Herzog, Clarice Herzog. Foi responsável pela primeira derrota da ditadura militar no Judiciário, que reconheceu, em 1978, que o jornalista fora assassinado quando estava sob a custódia do Exército.
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim em 1946, o advogado fundou o escritório Sergio Bermudes Advogados em 1969. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara (UEG), em 1969, e doutor em História do Processo Romano, Canônico e Lusitano pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Bermudes é autor de ao menos 15 livros sobre direito.
Foi membro do Instituto dos Advogados Brasileiros, do Instituto Brasileiro de Direito Processual, da Associação Internacional de Direito Processual, do Instituto Ibero-americano de Direito Processual e da International Academy of Trial Lawyers.
Sergio Bermudes deu início à sua carreira docente em 1970, no magistério universitário, como Professor Assistente de Teoria Geral do Estado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara, e como professor regente da cadeira de Direito Processual Civil da Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro, da qual se tornou titular, aprovado pelo Conselho Federal de Educação, em 1971, de acordo com biografia publicada no site do escritório Bermudes Advogados.
Em 1978, assumiu a cadeira de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), integrando, também, o Conselho de Desenvolvimento dessa Universidade.
“A atuação de excelência de Sergio Bermudes acarretou o crescimento significativo de seu escritório, estabelecido hoje nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, contando com mais de 130 advogados e consultores, à frente de uma moderna e eficiente estrutura de apoio, formada por mais de 250 funcionários e 120 estagiários”, diz a biografia do advogado.
Luto oficial
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), decretou luto de três dias em todo o Estado em homenagem à trajetória do advogado.
“Lamento profundamente o falecimento do advogado e jurista capixaba, cachoeirense Sergio Bermudes, referência nacional no Direito e orgulho para o nosso Estado”, escreveu.
Casagrande também prestou solidariedade à família e aos amigos de Bermudes, além da comunidade jurídica.
Na cidade de Cachoeiro, o prefeito, Theodorico Ferraço (PP), também anunciou que vai decretar luto de três dias. Ele escreveu que o profissional tem uma trajetória exemplar.
“Como prefeito de Cachoeiro, me sinto especialmente tocado por este momento: mais que um grande advogado, ele era um filho desta terra, um cidadão que elevou o nome de nossa cidade ao patamar da grande advocacia nacional.”
Por nota, a OAB-ES também lamentou a morte do advogado. Segundo a seccional afirmou que Bermudes era um profissional corajoso e que atuou em casos emblemáticos em todo o Brasil.
“Com quase 50 anos de carreira, o capixaba levou o talento da nossa advocacia para fora das nossas divisas e alcançou sucesso nacional com técnica e vanguarda. Corajoso, atuou em casos emblemáticos, como na defesa da viúva do jornalista Vladimir Herzog, que morreu na década de 70 por militares durante a ditadura. A diretoria da OAB-ES envia um abraço fraterno aos familiares, amigos e alunos.”