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Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O atropelamento e morte de um idoso por um motociclista que empinava moto em avenida da Serra, na última semana, acende um alerta que não pode ser ignorado: a imprudência no trânsito deixou de ser exceção para se tornar comportamento recorrente.

Outros episódios recentes envolvem excesso de velocidade, desrespeito à sinalização e o uso irregular de bicicletas elétricas e ciclomotores.

Alternativas sustentáveis, as bikes elétricas pareciam representar um avanço para a mobilidade urbana. Mas, a ausência de regulamentação clara, aliada ao aumento expressivo da circulação desses veículos, abriu espaço para comportamentos arriscados.

Muitos usuários passaram a trafegar como se estivessem à margem das leis – ignorando mão de direção, calçadas, sinalizações e, em vários casos, a existência de pedestres.

Essa percepção já impacta os dados. O Espírito Santo já registrou mais de 170 acidentes envolvendo bicicletas elétricas apenas este ano, a maioria na Grande Vitória, com atendimentos feitos pelo Samu.

No início deste mês, uma idosa de 82 anos morreu após ser atropelada por uma bicicleta elétrica que transitava na contramão, na Enseada do Suá, em Vitória. Ela voltava da farmácia e estava a poucos metros de casa.

Não se trata de condenar os novos meios de transporte, mas de reconhecer que mobilidade urbana sem regra e sem educação se transforma em risco coletivo.

A iniciativa do governo do Estado, que enviou um ofício ao Ministério dos Transportes solicitando a regulamentação nacional desses veículos, é o primeiro passo. Mais do que proibir ou punir, é preciso orientar, regulamentar e conscientizar.

A bicicleta elétrica pode ser uma alternativa eficiente de transporte, desde que seus condutores entendam que não estão acima das normas, mas inseridos em um sistema de convivência.

O trânsito é, antes de tudo, um pacto social. E, quando alguém o rompe – empinando veículo, dirigindo embriagado, desrespeitando o pedestre – não coloca apenas a si mesmo em risco, mas a todos.